Destaque:
A exposição global ao chumbo está associada a mais de 5,5 milhões de mortes por origem cardiovascular entre adultos em 2019, bem como à perda de 765 milhões pontos de quociente de inteligência (QI) em crianças com menos de cinco anos, resultando em uma queda de produtividade que gerou prejuízos estimados em seis bilhões de dólares, sugere nova pesquisa.
Metodologia:
A exposição ao chumbo diminuiu significativamente desde que o uso de gasolina com chumbo foi eliminado, mas ainda existem várias fontes desse metal, o que resulta em efeitos adversos para a saúde e para a economia, particularmente nos países de baixa e média renda.
As estimativas das mortes por doenças cardiovasculares devido à exposição ao chumbo têm se limitado aos efeitos do aumento da pressão arterial, mas estudos mostram que a exposição afeta o sistema cardiovascular por meio de mecanismos distintos da hipertensão arterial sistêmica.
Com base em informações de diversas fontes e estudos, os pesquisadores estimaram os níveis mundiais de chumbo no sangue e o impacto da exposição a esse metal na mortalidade por doenças cardiovasculares em 2019 entre adultos com 25 anos ou mais, a perda de QI em crianças com menos de cinco anos e os custos econômicos associados.
Em resumo:
Os pesquisadores estimaram que houve 5.545.000 (intervalo de confiança, IC, de 95% de 2.305.000 a 8.271.000) mortes cardiovasculares em adultos por exposição ao chumbo em 2019, com cerca de 90,2% dessas mortes ocorrendo nos países de baixa e média renda. No entanto, essa estimativa pode estar incompleta, uma vez que não inclui o efeito da exposição ao chumbo na morte por doenças cardiovasculares mediadas pela hipertensão.
A exposição global ao chumbo resultou em uma perda de 765 milhões de pontos de QI (IC de 95%, de 443 a 1.098 milhão) em crianças com menos de cinco anos, em 2019. Dessas perdas, 95,3% ocorreram em países de baixa e média renda.
No contexto de fator de risco ambiental, estas estimativas equiparam a exposição ao chumbo à combinação entre partículas ambientais e poluição do ar doméstico. Além disso, destacam que essa exposição é mais significativa do que a falta de acesso a água potável doméstica e saneamento básico, bem como a ausência da prática de lavagem das mãos.
O custo global estimado da exposição ao chumbo decorrente da mortalidade por doenças cardiovasculares e da perda de QI combinado é de seis trilhões de dólares (variação de 2,6 a 9,0 bilhões de dólares) em 2019, o equivalente a 6,9% do produto interno bruto mundial no ano em questão.
Na prática:
Dada a magnitude dos efeitos estimados para a saúde decorrentes da exposição ao chumbo, particularmente em países de baixa e média renda, "é imperativo que medições periódicas dos níveis de chumbo no sangue, representativas em âmbito nacional, sejam institucionalizadas", escreveram os autores, acrescentando que essas medições podem ser incorporadas às pesquisas domiciliares existentes.
Detalhes do estudo:
O estudo foi feito pelo Dr. Bjorn Larsen, Ph.D., economista ambiental e consultor do Banco Mundial, e por Ernesto Sánchez-Triana. Foi publicado on-line em 11 de setembro de 2023, no periódico Lancet Planetary Health.
Limitações:
As estimativas globais dos níveis de chumbo no sangue podem ser imprecisas, dado que as medições não são feitas em muitos países.
Algumas projeções de renda e perdas de renda são incertas.
Como o estudo não capta os efeitos prejudiciais da exposição ao chumbo além da perda de QI e da mortalidade por doenças cardiovasculares, as estimativas dos custos globais são conservadoras.
Conflitos de interesse:
O estudo recebeu apoio do Korea Green Growth Trust Fund e do World Bank's Pollution Management and Environmental Health Program. Os autores informaram não ter conflitos de interesse.
Este conteúdo foi originalmente publicado no Medscape
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Créditos: Imagem principal: Kristof Degreef/Dreamstime
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Citar este artigo: Exposição ao chumbo ainda representa um importante problema de saúde no mundo - Medscape - 19 de setembro de 2023.
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