Nos EUA, cresce a percepção pública de que Cannabis é mais segura que tabaco

Os resultados de uma enquete nacional mostram que, apesar da falta de dados, muitos adultos nos Estados Unidos acreditam que o consumo diário de Cannabis é mais seguro do que o tabaco, uma tendência que está em crescimento ao longo do tempo.

Metodologia

Embora campanhas agressivas tenham levado a uma redução drástica na prevalência do tabagismo e criado ambientes livres de tabaco mais seguros, a regulamentação que rege o uso de Cannabis — que está associada a alguns benefícios, mas também a muitos resultados negativos para a saúde — tem sido menos restritiva.
O estudo incluiu uma amostra representativa a nível nacional de 5.035 adultos norte-americanos, na sua maioria brancos, com média de idade de 53,4 anos, que preencheram três questionários on-line entre 2017 e 2021 sobre a segurança do tabaco e da Cannabis.
Nas três fases da enquete, os participantes tiveram que classificar a segurança de fumar um baseado de maconha por dia em comparação com fumar um cigarro por dia, e do fumo passivo de maconha em relação ao fumo passivo de tabaco.
Os entrevistados também expressaram opiniões sobre a segurança da exposição ao fumo passivo (tanto de maconha como de tabaco) em populações específicas, como crianças, gestantes e adultos (as classificações foram de “completamente inseguro” a “completamente seguro”).
As variáveis independentes foram idade, sexo, raça, etnia, escolaridade, renda anual, situação profissional, estado civil e estado de residência.

Conclusão

• Ao longo do tempo, houve uma tendência significativa a uma percepção cada vez mais favorável ao uso da Cannabis. Mais entrevistados relataram que a Cannabis era "um pouco mais segura" ou "muito mais segura" do que o tabaco em 2021 do que em 2017 (44,3% versus 36,7%; P < 0,001); com relação ao fumo passivo, mais entrevistados relataram que o fumo passivo da Cannabis era um pouco ou muito mais seguro do que o fumo passivo do tabaco em 2021 do que em 2017 (40,2% vs. 35,1%; P < 0,001).

• Mais pessoas opinaram que o fumo passivo de Cannabis era mais seguro do que o fumo passivo de tabaco para crianças e gestantes, e essa percepção manteve-se estável durante o período do estudo.

• Os participantes mais jovens e solteiros eram significativamente mais propensos a considerar o fumo da Cannabis como mais seguro do que o de cigarros, mas a legalidade da Cannabis no estado de residência dos entrevistados não foi associada a mudanças ao longo do tempo, sugerindo que a percepção crescente da segurança da Cannabis pode ser uma tendência nacional em vez de uma tendência observada apenas em estados onde a Cannabis é legalizada.

Implicações práticas

“Compreender a mudança de pontos de vista sobre o risco do tabaco e da Cannabis é importante, dado que o aumento da aceitação social e a diminuição da percepção do risco podem estar diretamente associados à saúde e às políticas públicas”, escreveram os pesquisadores.

Limitações

A generalização do estudo pode ser limitada pela ausência de resposta e perda de acompanhamento ao longo do tempo. A forma como foram elaboradas as perguntas da pesquisa pode ter influenciado as respostas dos entrevistados. Os participantes foram questionados sobre a segurança de fumar baseados de Cannabis vs. cigarros de tabaco e não compararam a segurança de outras formas de Cannabis fumada e vaporizada, tabaco e nicotina.

Fonte

O estudo foi conduzido pela Dra. Julia Chambers, médica do Departamento de Medicina da University of California San Francisco (UCSF), e colaboradores. O artigo foi publicado on-line em 11 de agosto no periódico JAMA Network Open .

O estudo recebeu apoio do California Tobacco-Related Disease Research Program. A Dra. Julia informou não ter conflitos de interesses relevantes; a autora Dra. Katherine J. Hoggatt, Ph.D., do Departamento de Medicina da UCSF, informou ter recebido fundos da Veterans Health Administration durante a condução do estudo e fundos dos National Institutes of Health dos EUA, da Rubin Family Foundation e da Veterans Health Administration não relacionados ao trabalho apresentado.

Este conteúdo foi originalmente publicado no Medscape

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