A Psoriatic Arthritis Risk Estimation Tool (PRESTO), uma nova ferramenta preditiva, está disponível para ajudar os médicos a estimarem o risco de artrite psoriásica de pacientes com psoríase.

Dra. Lihi Eder
Embora a ferramenta ainda precise de validação adicional, os pesquisadores liderados pela reumatologista Dra. Lihi Eder, Ph.D., afiliada ao Women's College Research Institute do Women's College Hospital no Canadá, caracterizaram a criação e a validação da PRESTO como "um primeiro passo importante para a descoberta e o teste de intervenções que podem, em última instância, parar a progressão da doença", escreveram no estudo publicado no periódico Arthritis & Rheumatology. A Dra. Lihi apresentou um resumo do progresso de criação dessa ferramenta na reunião anual de 2023 da Canadian Rheumatology Association.
Para criar e validar a PRESTO, os pesquisadores avaliaram 635 pacientes da University of Toronto Psoriasis Cohort, iniciada em 2006 como um estudo prospectivo de coorte longitudinal para examinar fatores de risco de artrite psoriásica em pacientes com psoríase. Os pacientes recrutados têm diagnóstico de psoríase confirmado por um dermatologista e foram avaliados por um reumatologista antes da inclusão, para excluir aqueles com artrite inflamatória, pregressa ou no momento da avaliação.
Para criar modelos de predição de artrite psoriásica, a Dra. Lihi e seus colaboradores usaram informações da coorte, como demografia, características da psoríase, comorbidades, medicamentos usados e sinais e sintomas musculoesqueléticos. A seguir, usaram modelos de regressão logística multivariáveis ajustados para as covariáveis, a duração da psoríase e a duração do log de risco para estimar a probabilidade de ter artrite psoriásica em períodos de um a cinco anos a partir das consultas do estudo.
A média de idade dos participantes foi de 47 anos, 76% eram brancos e 57% eram do sexo masculino; eles tinham psoríase em média há 16 anos. Os pesquisadores descobriram que 51 pacientes tiveram artrite psoriásica durante o primeiro ano de acompanhamento e 71 apresentavam a doença no acompanhamento após cinco anos. O risco de ter artrite psoriásica em um ano foi associado a idade mais jovem, sexo masculino, história familiar de psoríase, rigidez dorsal, unha punctata, rigidez articular, uso de imunobiológicos, saúde geral do paciente e gravidade da dor (área sob a curva [AUC] de 72,3).
Além disso, o risco de ter artrite psoriásica em até cinco anos foi associado a rigidez matinal, lesões psoriásicas nas unhas, gravidade da psoríase, fadiga, dor e uso de medicamentos sistêmicos (exceto imunobiológicos) ou fototerapia (AUC de 74,9). A calibração apresentou uma concordância razoável entre as probabilidades preditas e observadas.
"Curiosamente, vários fatores de risco anteriormente descritos para a artrite psoriásica, como HLA-B27, história familiar de artrite psoriásica, uveíte e psoríase flexora, não entraram no modelo de previsão de risco por sua escassez em nossa coorte", escreveram os pesquisadores. "Os achados podem estar ligados ao viés do período imortal, que pode complicar a criação de modelos preditores de risco de artrite psoriásica. Os fatores genéticos ou seus marcadores alternativos (como a história familiar de artrite psoriásica) estão associados à apresentação da artrite psoriásica concomitante ou logo após o início da psoríase".
Os pesquisadores reconheceram certas limitações do estudo, como o tamanho relativamente pequeno da amostra e a possibilidade questionável de generalização dos achados, "dado que a maioria dos pacientes foi recrutada em clínicas de dermatologia, o que levou ao excesso de representação da psoríase moderada a grave. Portanto, a PRESTO exigirá uma validação externa para entendermos qual o seu desempenho em outras populações com quadros psoriásicos com características diferentes".
A Dra. Saakshi Khattri, dermatologista, reumatologista e internista certificada pelo conselho da Icahn School of Medicine at Mount Sinai nos Estados Unidos, que não participou do estudo e foi convidada a comentar os resultados, caracterizou a ferramenta como "um passo interessante e na direção certa, mas ainda um primeiro passo".
Como os dermatologistas são geralmente a porta de entrada dos pacientes com psoríase, Dra. Saakshi acrescentou: "Uma calculadora de risco pode ser útil, mas a questão permanece: quando encaminhar o paciente para o reumatologista? Se o risco chegar a 5%, é um risco baixo que não precisa de encaminhamento para a reumatologia? Acho que essas perguntas não foram respondidas. Do ponto de vista da reumatologia, a calculadora de risco me ajuda a decidir quando intervir? No momento, acho que não. Talvez uma pontuação mais alta nos faça intervir mais cedo se o nosso exame clínico não mostrar articulações edemaciadas ou dolorosas à palpação".
Os resultados da anamnese e do exame físico que a médica considera que o reumatologista deve avaliar antes de recomendar o tratamento são:
articulações edemaciadas e dolorosas à palpação;
rigidez matinal por mais de 30 minutos;
entesite ou dactilite;
comprometimento axial.
"Os exames de imagem podem ajudar se não houver nada convincente na anamnese e no exame físico e/ou se o paciente tiver fatores de risco de artrite psoriásica", disse a comentarista.
A descoberta do estudo que o uso de imunobiológicos está associado ao risco de ter artrite psoriásica em até um ano, mas não em cinco anos, é "confusa", acrescentou Dra. Saakshi. "Minha preocupação é que isso vá dissuadir nossos pacientes com psoríase moderada a grave de usar imunobiológicos para tratar a psoríase. Sabemos que os imunobiológicos são indicados para psoríase moderada a grave. Também sabemos que a psoríase está associada a aumento do risco cardiovascular e há dados que sugerem que o tratamento com imunobiológicos e a diminuição resultante da inflamação sistêmica podem reduzir o risco cardiovascular".
O estudo foi subsidiado por fundos de incentivo a novos pesquisadores da Physician Services Incorporated Foundation. A Dra. Lihi Eder informou que é patrocinada pela Canada Research Chair in Inflammatory Rheumatic Diseases. A Dra. Saakshi Khattri informou que é membro do conselho consultivo das empresas UCB, Janssen, AbbVie, Regeron, Sanofi, Lilly, Argenx e Arcutis. Ela também recebeu fundos de pesquisa das empresas Incyte, AbbVie, Leo, Galderma, Pfizer e Acelyrin.
Este conteúdo foi originalmente publicado no MDedge.com ─ Medscape Professional Network
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Imagem principal: Radiopedia
Imagem 1: Women's College Hospital, Toronto
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Citar este artigo: Estudo valida nova ferramenta de predição da artrite psoriásica - Medscape - 22 de agosto de 2023.
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