Principais sinais de alerta para câncer colorretal de início precoce

Megan Brooks

23 de maio de 2023

Com o número de casos de câncer colorretal de início precoce diagnosticados antes dos 50 anos aumentando, a detecção precoce faz-se cada vez mais importante.

Um novo estudo identificou quatro sinais e sintomas que podem servir como sinais de alerta para facilitar a pronta detecção do câncer colorretal de início precoce. Os sinais e sintomas consistem em dor abdominal, sangramento retal, diarreia e anemia ferropriva.

Dois sintomas em particular – sangramento retal e anemia ferropriva – indicam a necessidade de colonoscopia e acompanhamento oportunos, disseram os pesquisadores.

“O câncer colorretal não acomete apenas idosos; queremos que os adultos mais jovens estejam cientes desses sinais e sintomas potencialmente muito reveladores e tomem as devidas providências, principalmente porque as pessoas com menos de 50 anos são consideradas de baixo risco e não são rastreadas de rotina para câncer colorretal”, disse em um comunicado à imprensa o pesquisador sênior Yin Cao, da Washington University School of Medicine, nos Estados Unidos.

“Também é crucial conscientizar os médicos da atenção primária, gastroenterologistas e emergencistas”, acrescentou Yin. “Até o momento, muitos tumores colorretais de início precoce são detectados nos serviços de emergência, e muitas vezes há atrasos significativos no diagnóstico desse tipo de câncer.”

O estudo foi publicado on-line em 04 de maio no periódico Journal of the National Cancer Institute.

Embora pesquisas anteriores tenham identificado sangramento retal, anemia ferropriva e dor retal ou abdominal como sinais e sintomas de câncer colorretal de início precoce, a maioria dos estudos “agrega sintomas até o momento do diagnóstico”, o que limita seu uso para detecção precoce, explicaram os autores.

No estudo em tela, os pesquisadores analisaram dados de mais de 5.000 casos de câncer colorretal de início precoce e de mais de 22.000 pacientes controles usando o banco de dados comercial IBM MarketScan.

Yin e colaboradores constataram que, entre três meses e dois anos antes do diagnóstico, dor abdominal, sangramento retal, diarreia e anemia ferropriva indicavam aumento do risco de câncer colorretal de início precoce.

Entre os pacientes com câncer colorretal de início precoce, 19,3% apresentaram um ou mais dos quatro sinais de alerta entre três meses e dois anos antes da data índice, sendo que 15,6% apresentaram um sintoma e 3,7% apresentaram dois ou mais.

Após o ajuste por múltiplas variáveis, ter um sintoma quase dobrou o risco de câncer colorretal de início precoce (razão de chances [RC] de 1,94); ter dois sintomas aumentou o risco em mais de três vezes (RC de 3,59); e ter três ou mais aumentou o risco em mais de 6,5 vezes (RC de 6,52).

A dor abdominal foi associada a um risco 34% maior de câncer colorretal de início precoce (11,6% entre os casos versus 7,7% entre os controles; RC de 1,34).

Embora não tenha sido tão comum, o sangramento retal foi associado com as maiores probabilidades de câncer colorretal de início precoce (7,2% dos casos vs. 1,3% dos controles; RC de 5,13).

Os outros sinais e sintomas preditivos foram diarreia (2,8% dos casos vs. 1,4% dos controles; RC de 1,43) e anemia ferropriva (2,3% dos casos vs. 0,9% dos controles; RC de 2,07).

Não foram observadas diferenças por sexo para cada sinal ou sintoma.

Entre os pacientes que foram diagnosticados com câncer colorretal de início precoce que apresentaram sinais e sintomas de alerta entre três meses e dois anos antes do diagnóstico, o intervalo médio até o diagnóstico foi de 8,7 meses.

Os pesquisadores sugeriram que os médicos devam priorizar a investigação diagnóstica imediata para pacientes com menos de 50 anos que apresentam sangramento retal e/ou anemia ferropriva e que também tenham em mente a dor abdominal e a diarreia como sinais e sintomas iniciais.

Yin observou que, como a maioria dos casos de câncer colorretal de início precoce “foram e continuarão sendo diagnosticados após a apresentação dos sintomas, é crucial reconhecer esses sinais e sintomas de alerta imediatamente e realizar uma investigação diagnóstica o mais rápido possível”.

“Ao fazer isso, podemos diagnosticar a doença mais cedo, o que, por sua vez, pode reduzir a necessidade de tratamento mais agressivo e melhorar a qualidade de vida e os índices de sobrevida dos pacientes”, disse Yin.

O estudo recebeu fundos dos National Institutes of Health dos EUA. Os autores informaram não ter conflitos de interesses.

J Natl Cancer Inst. Publicado on-line em 04 de maio de 2023.  Abstract

Este conteúdo foi originalmente publicado no Medscape

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