Contexto
Homem de 50 anos chega à emergência com quadro de precordialgia. Sua história patológica pregressa revela doença do refluxo gastroesofágico e adenocarcinoma de ceco estádio IIIB, diagnosticado há três meses com realização de hemicolectomia direita. Foi recentemente avaliado pela sua equipe de oncologia e iniciou um esquema quimioterápico de três meses com capecitabina e oxaliplatina, três dias antes da sua vinda ao serviço de emergência. Devido ao agravamento dos sintomas de refluxo durante este período, o paciente também começou a tomar omeprazol sem prescrição médica.
O paciente descreve a dor na linha média do tórax de caráter opressivo e com ardência; começou enquanto ele estava andando pelo supermercado. Em uma escala de dor de 0 a 10, ele dá nota 7 a seu desconforto, com seus sintomas irradiando para a região esquerda da mandíbula e para o membro superior esquerdo. Ele nunca sentiu isso antes, nem teve nenhuma doença viral que tenha precedido esses sintomas. A dor melhora ao repouso, e o paciente não tomou nenhum medicamento para aliviar a dor. Nega dispneia, palpitação, tontura, diaforese ou náuseas. Nunca fumou, refere um consumo mínimo de bebidas alcoólicas em sociedade e não usa drogas ilícitas.
Exame físico e propedêutica
Na emergência, a temperatura do paciente é de 36,8 ºC, a frequência cardíaca é de 94 batimentos por minuto, a pressão arterial é de 124 ˣ 76 mmHg e a saturação de oxigênio é de 95% em ar ambiente. À ectoscopia, aparenta estar bem e não está em sofrimento agudo. O exame cardíaco revela ritmo cardíaco regular em dois tempos, sem sopros, atrito ou galope. Não são observados sinais de insuficiência cardíaca. Sua parede torácica não é dolorosa à palpação. Não tem edema periférico. Pulmões limpos. O restante do exame físico não revela nada digno de nota.
Os exames laboratoriais revelam:
Hemograma completo: sem alterações
Creatinina: 1,3 mg/dL (referência de 0,7 a 1,3 mg/dL)
Troponina de alta sensibilidade: 8 ng/L inicialmente, uma hora depois 13 ng/L (referência < 22 ng/L para homens)
Níveis do fragmento N-terminal do peptídeo natriurético tipo B (NT-proBNP): 64 pg/mL (referência < 300 pg/mL)
Dímero D: 1,32 µg/mL (referência < 0,50 µg/mL)
A radiografia de tórax não mostra alterações agudas. Pela tomografia computadorizada de tórax não há embolia pulmonar. O eletrocardiograma (ECG) mostra ritmo sinusal com alterações inespecíficas da onda T (Figura 1).

Figura 1.
O paciente é internado para investigação de precordialgia e faz um ecocardiograma de estresse na esteira ergométrica. Com cerca de cinco minutos de caminhada na esteira, apresenta precordialgia e seu ECG revela ritmo sinusal com supradesnível de ST nas derivações inferior e lateral (Figura 2).

Figura 2.
O paciente é transferido imediatamente para o laboratório de cateterismo cardíaco. Sua angiografia coronariana revela doença coronariana sem obstrução, com leves irregularidades luminais de 30% a 40% na porção média a distal da artéria descendente anterior esquerda e vasos acentuadamente tortuosos (Figuras 3 e 4).

Figura 3.

Figura 4.
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Citar este artigo: Caso Clínico: Paciente oncológico de 50 anos apresenta precordialgia recorrente grave - Medscape - 23 de mai de 2023.
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