OMS altera recomendações de imunização contra a covid-19

Giuliana Miranda

30 de março de 2023

Considerando a atual situação epidemiológica da covid-19 no mundo, com a maior parte da população mundial vacinada contra o SARS-CoV-2 ou com história de infecção pelo vírus, o grupo de consultoria estratégica composto de especialistas em imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou as suas recomendações para a imunização populacional. [1]

Na avaliação do grupo, ou Strategic Advisory Group of Experts on Immunization (SAGE), não são necessárias doses adicionais de imunizantes (além do esquema inicial e da primeira dose de reforço) para grupos com baixo risco de evoluir com doença grave, como, por exemplo, adultos saudáveis. A vacinação contra a covid-19 é segura e eficaz para todos os grupos, reforçaram os especialistas, ponderando que, no atual estágio da pandemia de covid-19, os governos podem adotar medidas com melhor custo-benefício para a proteção da saúde global de suas populações.

“Os países devem considerar seu contexto específico ao decidir se devem continuar vacinando grupos de baixo risco, como crianças e adolescentes saudáveis, sem comprometer as vacinas de rotina, que são tão cruciais para a saúde e o bem-estar dessa faixa etária”, afirmou Dra. Hanna Nohynek, presidente do SAGE, durante uma entrevista coletiva na qual o SAGE divulgou as suas conclusões.

Segundo o SAGE, o mais importante é garantir a proteção das populações mais vulneráveis.“As recomendações revisadas enfatizam novamente a importância da imunização, inclusive com doses de reforço, para quem ainda está em risco de doença grave, principalmente idosos e pessoas com doenças subjacentes”, completou.

A diretora do Departamento de Imunizações da OMS, Dra. Kate O’Brien, esclareceu que a OMS não está sugerindo que os países deixem de disponibilizar doses de reforço a quem não pertence a grupos de risco, mas que os governos façam escolhas vacinais baseadas em suas próprias realidades e prioridades orçamentárias.

“O SAGE fornece recomendações globais. Realmente, estamos agora em um ponto da pandemia em que o contexto dos países e a priorização programática de cada um deles está começando a desempenhar um papel cada vez maior”, afirmou.

Os especialistas estabeleceram três categorias de prioridade para as vacinas: baixa, média e alta. E, para cada uma, trouxeram recomendações distintas. A divisão foi baseada principalmente no risco de agravamento ou morte pela doença, considerando ainda a custo-efetividade das doses e outros fatores programáticos.

A categoria “prioridade alta” engloba idosos, adultos com comorbidades importantes (como diabetes e doenças cardíacas), pessoas imunocomprometidas, gestantes e profissionais de saúde que atuem na linha de frente.

Para esses grupos, o painel recomenda uma dose de reforço adicional, entre 6 e 12 meses após a última dose. O intervalo ideal depende de fatores como idade e grau de comprometimento do sistema imune.

Para gestantes, o SAGE aconselha uma dose de reforço após 6 meses. O painel destacou que a imunização adicional protege tanto as gestantes quanto os fetos, ajudando a reduzir a probabilidade de hospitalização de bebês pela covid-19.

A categoria de “prioridade média” contempla adultos saudáveis com menos de 60 anos de idade, crianças e adolescentes com comorbidades, para os quais os especialistas recomendam o esquema vacinal primário e a primeira dose de reforço.

“Embora reforços adicionais [além do primeiro] sejam seguros para este grupo, o SAGE não os recomenda rotineiramente, dados os retornos de saúde pública comparativamente baixos”, diz o comunicado do grupo.

Crianças e adolescentes saudáveis, entre 6 meses de vida e 17 anos de idade, compõem a categoria “prioridade baixa”, cujas recomendações indicam que os países considerem fatores como custo-efetividade e carga da doença, além das prioridades programáticas e custos de oportunidade.

Para os mais jovens, os especialistas destacam a importância da imunização contra doenças tradicionais, como rotavírus, sarampo e doença pneumocócica, cuja cobertura despencou em muitos países desde o começo da pandemia.

O grupo salientou que as recomendações contemplam o cenário epidemiológico atual e que não devem ser usadas para o planejamento de longo prazo.

No Brasil, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não reagiram às novas recomendações da OMS. Atualmente, o país iniciou a aplicação de uma quinta dose vacinal, ou seja, o terceiro reforço, direcionada à população acima dos 70 anos, imunocomprometidos, quilombolas, indígenas e pessoas que vivem em instituições de longa permanência.

 

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