Há um amplo espectro de queixas comuns em relação aos “males do envelhecimento”, tais como mudanças estéticas, declínio funcional, solidão, depressão, dependência e até medo da morte. Lendo a edição e 16 de março do jornal Estadão, encontro um artigo sobre uma senhora de 102 anos, Jean Bailey, que dá aulas de ginastica em um residencial para idosos (Elk Ridge Village Senior Living em Omaha, nos Estados Unidos). Ela mora nesse residencial há 14 anos e dá aulas de ginástica quatro vezes por semana há três anos, portanto, começou aos 99 anos!
Convenhamos, isso não é comum. E me deixou curioso: O que podemos aprender com ela?
Aspectos da vida e declarações da Sra. Bailey
Sempre teve uma alimentação saudável e permaneceu ativa;
Teve uma vida difícil, vivenciou a Grande Depressão (ou Crise de 1929) nos Estados Unidos, perdeu o marido, criou três filhos e trabalhou como voluntária em um hospital por mais de 30 anos;
Começou a dar as aulas para evitar a solidão, piorada pela pandemia;
O fez pelos outros e também por si mesma;
Inicia as aulas com uma oração;
Desdenha da idade, afirma que só vai parar de dar as aulas quando ficar mais velha;
Brinca com a morte, diz que “talvez Deus não esteja pronto para mim”; e
Também diz que “se não mantivermos nossas mentes e nossos corpos ocupados não há sentido estarmos aqui”.
Implicações
O envelhecimento aumenta vulnerabilidades biopsicossociais e é heterogêneo. Não existem “receitas de bolo” para um envelhecimento “bem-sucedido”. A história da incrível Sra. Bailey enfatiza a relevância dos aspectos comportamentais para a obtenção do tão desejado envelhecimento ativo, recomendado pela Organização Mundial da Saúde. De fato, nos mostra como ela procura adequar todos os domínios da cardiologia comportamental, [1,2] ou seja:
Saúde física: ao manter estilo de vida saudável
Emoções disfuncionais: encontrando meios para evitar depressão, ansiedade, pessimismo
Estresse crônico: contornando os momentos difíceis enfrentados
Falta de objetivo de vida: ao estabelecer metas de vida
Isolamento social: ao agregar e auxiliar pessoas.
Vale lembrar que a espiritualidade/religiosidade demonstrada pela Sra. Bailey também pode conferir benefícios para a saúde por meio de mecanismos psicológicos, sociais e comportamentais. [3]
Evidentemente, a Sra. Bailey é muito resiliente. Essa resiliência pode ser reforçada pela ausência de preconceitos em relação à idade, bem como do medo da morte.
Obrigado Sra. Bailey! Espero que tenha muitos anos de vida ativa para continuar a fazer o bem e nos ensinar a viver!
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Citar este artigo: Dando aula de ginástica aos 102 anos: lições sobre envelhecimento - Medscape - 23 de março de 2023.
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