Giro da Saúde: os principais assuntos da semana (18 a 24 de março)

Equipe Medscape

24 de março de 2023

Nova versão do programa Mais Médicos prevê contratação de 15 mil profissionais

No dia 20, foi relançado o programa Mais Médicos , criado em 2013 para levar profissionais às regiões mais vulneráveis e afastadas do país. A expectativa é de ampliar o número de médicos participantes dos atuais 13 mil para 28 mil. Segundo o governo, o edital para as primeiras 5 mil vagas será publicado até o final de março. Outras 10 mil vagas terão contrapartida de financiamento dos municípios. Segundo o Ministério da Saúde, esse formato oferece menor custo, facilita a reposição de profissionais e incentiva a permanência nas localidades. O valor das bolsas do programa foi mantido em R$ 12,8 mil e um auxílio moradia, variável de acordo com a região de atuação. O contrato será de quatro anos, prorrogáveis pelo mesmo período. E mais: a nova edição do projeto oferece benefícios para estimular a permanência, como pagamento adicional a quem ficar mais tempo no programa ou tiver formação universitária pelo Fies.

Anvisa pede maior vigilância contra arboviroses em portos e aeroportos; governo anuncia centro de emergência

As notificações de dengue subiram 43,8% de janeiro a março 2023 em comparação o mesmo período 2022. Já os casos de chikungunya tiveram alta de 97%. Até agora, o país conta 73 mortes por dengue e tem 64 em investigação. No mesmo período do ano passado, foram 172 mortes confirmadas. Preocupado, o governo criou um Centro de Operações de Emergências de Arboviroses (COE Arboviroses) com o objetivo de elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e óbitos.

Além disso, em Nota Técnica lançada no dia 22, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a adoção de medidas para redução dos criadouros do mosquito Aedes aegypti (responsável pela transmissão da dengue e da chikungunha no Brasil) e de controle de vetores devem ser intensificadas em portos e aeroportos do país.

Desde 2022, os casos de arboviroses na região das Américas estão sofrendo uma expansão para além das áreas históricas de transmissão reportadas desde 2014, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, as organizações recomendaram que os países intensifiquem as ações de preparação dos serviços de saúde, incluindo o diagnóstico e manejo correto dos casos. A OPAS também recomenda que viajantes com destino a às áreas de transmissão de arboviroses, que incluem, além do Brasil, países como Argentina, Paraguai e Bolívia, devem proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar com o uso de calças e camisas de mangas compridas; usar repelentes regularizados na Anvisa e usar mosquiteiros sobre a cama, telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado.

Ministério Público investigará descarte de vacinas e remédios de alto custo

O Nexo Jornal noticiou essa semana que o governo federal deixou de distribuir ou incinerou cerca de 39 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19 (vencidas entre 2021 e 2023), um milhão de canetas de insulina e tratamentos de alto custo para doenças raras e outros fármacos. Também ficaram estocadas até perderem a validade doses de vacinas de sarampo, caxumba, rubéola, coqueluche e hepatite, além de testes e medicamentos para quem vive com HIV. Ao menos duas doses de Spinraza, para pacientes com atrofia muscular espinhal (cerca de 160 mil reais a dose) e lotes de Translarna, para distrofia de Duchenne (ao custo de 3 milhões de reais) também foram jogados fora. Estima-se que o valor das perdas esteja em torno de 2,2 bilhões de reais para os cofres públicos.

Em nota, a gestão da ministra Nísia Trindade, empossada em janeiro, informou que o governo anterior negou informações sobre estoques e validade dos produtos à equipe de transição. As informações sobre estoques de medicamentos do MS foram colocadas sob sigilo em 2018 pelo então presidente Michel Temer. O sigilo foi prorrogado pelo governo Bolsonaro e até 22 de março não fora revogado. O Ministério Público Federal irá apurar se houve irregularidades, quem era responsável pela distribuição e quais produtos perderam a validade e foram descartados nos últimos cinco anos. Também pedirá ao MS que informe as medidas a serem adotadas para que não volte a acontecer.

Estudo mostra exaustão do sistema imunitário de pacientes jovens e saudáveis que tiveram quadro leve de covid-19

O SARS-CoV-2 pode causar alterações significativas no sistema imunológico, mesmo em pessoas jovens e saudáveis que apresentam casos leves ou moderados de Covid-19, segundo dados preliminares de estudo realizado na Universidade Estadual Paulista (Unesp) dentro do projeto FIT Covid, apoiado pela Fapesp. Pesquisadores brasileiros e portugueses avaliaram células de defesa de pacientes não vacinados entre 30 e 180 dias após a infecção. "As células imunes dos pacientes infectados pelo vírus estavam em exaustão, algo semelhante ao que acontece com as células de pessoas com obesidade grau 2 ou 3, com doenças crônicas como diabetes, ou já idosas. Mas é algo completamente inesperado para pessoas jovens e sem problemas de saúde", disse Fábio Santos de Lira, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT-Unesp), em Presidente Prudente. Os dados foram apresentados no congresso da Sociedade Internacional de Imunologia e Exercício, nos Estados Unidos.

Denúncias sobre setor de anestesia do Hospital das Clínicas da USP começam a ser investigadas

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo anunciou que está apurando os relatos graves recebidos pela direção da instituição na semana passada. A investigação ficará a cargo de uma comissão criada com esse fim. As denúncias vieram à tona recentemente por meio de uma carta sem assinatura que supostamente teria sido escrita por residentes de anestesia da instituição. Segundo os denunciantes, houve contratação de profissionais inexperientes para cuidar de pacientes cirúrgicos de alta complexidade. O texto descreve também situações de risco para os pacientes no Pronto-Socorro Cirúrgico do Instituto Central e afirma que já uma precarização na prestação dos serviços em razão do fim do contrato de terceirização com uma empresa prestadora de serviços de anestesia que também orientava os residentes. Os residentes teriam que cuidar de quatro salas cirúrgicas ao mesmo tempo, o que é contraindicado e antiético. A instituição já refutou algumas denúncias.

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