A identificação precoce do melanoma, quando este câncer é mais fácil de tratar, é importantíssima. Recentemente, especialistas propuseram sugestões para o melhor rastreamento da doença que, somadas aos novos conhecimentos sobre as apresentações infantis raras e o potencial papel da suplementação profilática com vitamina D e aos achados que respaldam o uso de pembrolizumabe no melanoma avançado antes e depois da cirurgia, contribuíram para o tema clínico mais buscado da semana.
Um congresso que reuniu 51 especialistas publicou um consenso (com 70% de concordância) em relação ao rastreamento para a detecção precoce do melanoma a partir de abordagens estratificadas por risco (ver infográfico).

Segundo as recomendações, o grupo de alto risco é formado pelas pessoas com grave comprometimento cutâneo causado pelo sol, imunodepressão ou história de câncer de pele. Não se chegou a um consenso sobre o papel do exame do perfil de expressão gênica; no entanto, os especialistas referiram a necessidade de sua validação em grandes ensaios clínicos randomizados. Os especialistas também concordaram que as lesões consideradas clinicamente suspeitas ou com caraterísticas neoplásicas por microscopia confocal de refletância devem ser biopsiadas. O editorial que acompanha o consenso reforçou a importância de avaliar criteriosamente o papel dos exames diagnósticos.
Em fevereiro, novos conhecimentos sobre o melanoma infantil foram compartilhados na atualização anual da Cutaneous Malignancy Update. A médica Dra. Caroline Piggott, dermatologista infantil do Scripps MD Anderson Cancer Center, nos EUA, esclareceu informações sobre a detecção precoce na população mais jovem. "Apenas 1% a 2% de todos os melanomas no mundo ocorrem em crianças", disse, "então a maior parte do meu trabalho é tranquilizar os pais". Os médicos costumam recomendar a regra do acrônimo "ABCDE" para os pais. Esse acrônimo se refere a assimetria, irregularidade de borda, variação de cor (especialmente cores escuras ou múltiplas), diâmetro > 6 mm e evolução (alteração, sangramento ou dor).
Embora a Dra. Caroline considere essa regra importante — especialmente para crianças maiores e adolescentes —, pesquisadores coordenados pela médica Dra. Kelly M. Cordoro, professora de dermatologia da University of California, San Francisco, propuseram um critério de ABCD modificado para as crianças. O critério modificado proposto considera o acrônimo ABCD significando A para amelanótico, B para bola, caroço ou sangramento (do inglês bleeding), C para cor uniforme e D para de início recente (do latim de novo) ou para qualquer diâmetro. "Isso não significa que você vá jogar fora o antigo critério de ABCDE", disse a Dra. Caroline. "Significa que você usará esse critério modificado junto com a regra convencional de ABCDE."
Em termos de prevenção do melanoma, além das estratégias comprovadas para bloquear ou reduzir a exposição ao sol, um novo estudo descobriu que as pessoas que tomam regularmente suplementos de vitamina D têm uma probabilidade significativamente menor de ter história de melanoma ou outras neoplasias cutâneas. O estudo foi feito com cerca de 500 pacientes de uma clínica dermatológica na Finlândia. Os usuários regulares de vitamina D tiveram uma redução significativa de 55% das chances de diagnóstico de melanoma, enquanto o uso ocasional foi associado a uma redução de 46%, sem significado estatístico. O médico autor sênior Dr. Ilkka T. Harvima, Ph.D., do departamento de dermatologia da Itä-Suomen yliopisto e do Kuopion yliopistollinen sairaala na Finlândia, indicou algumas limitações inerentes ao estudo. Apesar de terem controlado vários possíveis fatores de confusão, "mesmo assim é possível que alguns outros, que ainda não foram identificados ou testados, possam confundir o resultado atual". Em uma declaração, o Dr. Ilkka reiterou que "a ligação causal entre a vitamina D e o melanoma não pode ser confirmada pelos resultados em tela".
Embora a detecção precoce continue sendo fundamental, os achados recentes também sugerem o potencial do pembrolizumabe para os pacientes com melanoma avançado. Foi feito um novo estudo com 319 pacientes apresentando melanoma de estádio IIIB operável a estádio IV. Os pacientes que receberam o pembrolizumabe tanto antes como depois da cirurgia (ou seja, tratamento neoadjuvante ou tratamento adjuvante) tiveram melhores resultados do que os pacientes que receberam o medicamento apenas após a cirurgia: os índices de sobrevida livre de eventos relacionados com o câncer em dois anos foram de 72% em comparação a 49%, respectivamente. Os pesquisadores disseram haver muito poucos dados para permitir uma comparação clara em termos de sobrevida global, com 14 óbitos no grupo do tratamento neoadjuvante e adjuvante em comparação a 22 no grupo de tratamento somente adjuvante.
Desde as recomendações destinadas a ajudar a identificar o melanoma precocemente em adultos e em pessoas mais jovens, até os novos achados relacionados com potenciais estratégias de prevenção e intervenção, o melanoma esteve muito presente nas notícias recentes, tendo se tornado o tema clínico mais buscado da semana.
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Citar este artigo: Tema mais buscado: detecção precoce do melanoma - Medscape - 24 de março de 2023.
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