Quem faz suplementação regular de vitamina D tem bem menos chances de apresentar melanoma maligno ou qualquer tipo de câncer de pele, segundo pesquisadores finlandeses. Eles também constataram uma tendência de benefício com a suplementação ocasional.
O estudo, publicado em 28 de dezembro no periódico Melanoma Research, avaliou quase 500 pessoas atendidas em uma clínica dermatológica que relataram tomar vitamina D.
Os pacientes que faziam suplementação regular tiveram uma redução significativa de 55% nas chances de ter um diagnóstico prévio ou atual de melanoma. Já o uso ocasional foi associado a uma redução não significativa de 46%. A redução foi semelhante para todos os tipos de câncer de pele.
No entanto, o autor sênior Dr. Ilkka T. Harvima, Ph.D., vinculado ao Departamento de Dermatologia da Universidade da Finlândia Oriental e ao Hospital Universitário de Kuopio, ambos na Finlândia, alertou que existem limitações no estudo.
Apesar dos ajustes para possíveis fatores de confusão, "é possível que alguns fatores, ainda não identificados ou não testados, possam confundir o resultado atual", disse ele. Consequentemente, "a relação causal entre a vitamina D e o melanoma não foi confirmada pelos resultados atuais", disse o Dr. Ilkka em um comunicado.
Mesmo que essa relação fosse comprovada, "a questão sobre a dose ideal de vitamina D oral para que haja efeitos benéficos ainda precisaria ser respondida", comentou o autor.
"Até que saibamos mais, as recomendações nacionais de ingestão devem ser seguidas."
Incidência progressiva de melanoma
Nas populações ocidentais, a incidência de melanoma cutâneo maligno e outros tipos de câncer de pele vem aumentando progressivamente ─ sobretudo em indivíduos imunocomprometidos, apontaram os autores, que atribuem o aumento a uma maior exposição à radiação ultravioleta.
Embora a exposição à radiação ultravioleta seja um fator de risco bem estabelecido, "outro aspecto é que as campanhas públicas de proteção solar levaram a alertas de que a pouca exposição ao sol é um problema de saúde pública significativo, resultando em deficiência de vitamina D".
Para o estudo, a equipe revisou os prontuários de 498 pacientes entre 21 e 79 anos de idade atendidos em uma clínica dermatológica, que foram avaliados por um dermatologista experiente e considerados pacientes com risco de ter qualquer tipo de câncer de pele.
Entre esses pacientes, 295 indivíduos tinham história pregressa ou atual de neoplasia cutânea, sendo 100 diagnosticados com melanoma, 213 com carcinoma basocelular e 41 com carcinoma espinocelular. Outros 70 indivíduos tiveram câncer em outros locais, incluindo mama, próstata, rim, bexiga, intestino e cânceres hematológicos.
Além dos pacientes com história positiva, 96 pacientes eram imunocomprometidos e foram avaliados separadamente.
Os 402 pacientes restantes foram categorizados segundo o uso autorrelatado de uso de formulações orais de vitamina D. Esses grupos foram definidos como: não uso (n = 99), uso ocasional (n = 126) e uso regular (n = 177).
O uso regular de vitamina D foi associado a um nível de escolaridade mais elevado (P = 0,032), menor frequência de trabalho ao ar livre (P = 0,003), menor carga tabágica (P = 0,001) e maior frequência de exposição ao bronzeamento artificial (P = 0,002).
Não houve associação significativa entre uso de vitamina D e fotoenvelhecimento, ceratoses actínicas, nevos, carcinoma espinocelular/basocelular, índice de massa corporal ou exposição à luz solar ou queimaduras solares durante a vida informadas pelo próprio paciente.
No entanto, houve associações significativas entre o uso regular de vitamina D e uma menor incidência de melanoma e outros tipos de câncer.
O número de indivíduos com história atual/pregressa de melanoma (18,1% vs. 32,3%; P = 0,021) ou qualquer tipo de câncer de pele (62,1% vs. 74,7%; P = 0,027) foi significativamente menor no grupo que fazia uso de vitamina D regularmente, em comparação com o grupo que não fazia uso da vitamina.
A análise de regressão logística multivariada revelou que o uso regular de vitamina D foi significativamente associado à redução do risco de melanoma, com uma razão de chances de 0,447 (P = 0,016), em comparação com o não uso.
O uso ocasional de vitamina D foi associado à redução do risco, embora não significativa, com uma razão de chances de 0,540 (P = 0,08), em comparação com o não uso.
Para qualquer tipo de câncer de pele, o uso regular de vitamina D foi associado a uma razão de chances de 0,478 (P = 0,032), quando comparado ao não uso. Já o uso ocasional de vitamina D apresentou uma razão de chances de 0,543 (P = 0,061).
Resultados "bastante semelhantes" foram obtidos quando os pesquisadores analisaram o subgrupo de indivíduos imunocomprometidos, embora tenham apontado que a amostra era pequena.
O estudo foi financiado pelo Centro Oncológico da Finlândia Oriental, da Universidade da Finlândia Oriental, pela Fundação Finlandesa de Pesquisa para o Câncer e pelo Hospital Universitário de Kuopio, por meio de uma verba pública para pesquisas. Os autores informaram não ter conflitos de interesses relevantes.
Este conteúdo foi originalmente publicado no Medscape .
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Créditos: Imagem principal: iStock Images
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Citar este artigo: Estudo aponta associação entre suplementação oral de vitamina D e redução do risco de melanoma - Medscape - 19 de janeiro de 2023.
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