
Dr. Fernando Lyra
Nesta seção o Dr. Fernando Lyra comenta estudos divulgados recentemente em publicações de impacto na área da pediatria. Membro do Departamento Científico de Cuidados Domiciliares da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o Dr. Fernando também é especialista em administração em saúde (AMB e Sociedade Médica Brasileira de Administração em Saúde).
1. Associação entre tempo de exposição a telas no primeiro ano de vida e transtorno do espectro autista aos três anos de idade
No estudo Association between screen time exposure in children at 1 year of age and autism spectrum disorder at 3 years of age, os autores analisaram dados de díades mãe-filho nascidos no Japão, com o objetivo de analisar a exposição a telas com um ano de idade e sua associação com transtorno do espectro autista aos três anos de idade. Investigou-se a existência de correlação entre as crianças que usavam telas por até 1 hora/dia, 1 a 2 horas/dia, 2 a 4 horas/dia ou mais de 4 horas/dia, em comparação às crianças que não usavam telas.
Quando as crianças completaram três anos de idade, suas mães responderam, por meio de um questionário, se haviam recebido diagnóstico de transtorno do espectro autista entre os dois a três anos de idade.
Independentemente do diagnóstico de transtorno do espectro autista aos três anos de idade, a resposta mais recorrente sobre o tempo de exposição a telas quando os participantes tinham um ano de idade foi “menos de 1 hora/dia”. O tempo de tela foi semelhante em ambos os sexos.
Os autores constataram uma prevalência do transtorno aos três anos de idade de 0,4% entre as 84.030 díades mãe-filho estudadas, com maior proporção entre crianças do sexo masculino (3:1).
O tempo de tela quando a criança tinha um ano de idade foi significativamente associado ao diagnóstico de transtorno do espectro autista entre os dois a três anos de idade entre participantes do sexo masculino, mas não foi identificada correlação entre as crianças do sexo feminino.
Os autores analisaram também o tempo de tela aos três anos de idade, e não encontraram associação com transtorno do espectro autista nessa mesma idade.
Para lembrar: A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças não sejam expostas a telas até os dois anos de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e diversas sociedades de pediatria alertam sobre os efeitos adversos das telas na saúde das crianças. Apesar disso, a exposição de crianças a telas aumentou desde o início da epidemia de covid-19, sendo prática comum durante as refeições das crianças. Nos períodos de maior neurodesenvolvimento, em especial nos primeiros anos de vida, é fundamental recomendarmos cuidados com a exposição das crianças a campos eletromagnéticos, elétricos, excesso de estímulos luminosos etc. Recomendo a leitura do artigo na íntegra. |
Referência:
Kushima, M., Kojima, R., Shinohara, R., Horiuchi, S., Otawa, S., & Ooka, T. et al. (2022). Association Between Screen Time Exposure in Children at 1 Year of Age and Autism Spectrum Disorder at 3 Years of Age. JAMA Pediatrics, 176(4), 384. doi: 10.1001/jamapediatrics.2021.5778
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Citar este artigo: Clube de Revistas de pediatria: estudos sobre autismo abordam tempo de tela, opções diagnósticas e diferenciação da síndrome do X frágil - Medscape - 21 de novembro de 2022.
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