Covid-19 e saúde: Resumo da semana (5 a 11 de novembro)

Equipe Medscape Professional Network

11 de novembro de 2022

Neste artigo

A covid-19 no Brasil

O país enfrenta novamente uma alta de casos de covid-19, provavelmente associada com a chegada de duas novas sublinhagens da Ômicron: BQ.1.1 e XBB. Não há ainda evidências científicas para confirmar a impressão de alguns especialistas de que as novas sublinhagens podem ter maior potencial de contágio do que variantes anteriores circulantes no País.

Na segunda-feira (7), as autoridades sanitárias do Estado de São Paulo confirmaram os dois primeiros casos da nova sublinhagem Ômicron BQ.1 na capital. A confirmação da variante foi feita pela Fiocruz por meio de sequenciamento genético. Os casos agora estão sob investigação epidemiológica das vigilâncias municipal e estadual. O Estado registrou também a primeira morte pela nova variante: a vítima foi uma mulher de 72 anos, que estava acamada e tinha comorbidades, segundo a pasta.

Os números da última semana

Em 10 de novembro, o Brasil notificou 42 novas mortes por covid-19 em 24 horas. A média móvel de mortes em 7 dias foi de 49, uma variação de -38% em comparação com os últimos 14 dias.

O número de novos casos conhecidos em 24 horas foi de 9.485. A média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 5.857, com variação de -3% em relação a semana anterior.

Desde o início da pandemia, o Brasil somou 688.659 mortes por covid-19 e 34.928.504 casos conhecidos. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa formado por g1, UOL, O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e EXTRA, obtidos junto às secretarias estaduais de saúde.

Covid-19 volta a crescer na população adulta em quatro estados, registra InfoGripe

Divulgado na quinta-feira (10), o novo Boletim InfoGripe Fiocruz sinaliza para o aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com resultado laboratorial positivo para SARS-CoV-2 na população adulta do Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Nos estados citados, o sinal é mais claro nas faixas etárias a partir de 18 anos até o momento. A exceção é o Rio Grande do Sul, que apresenta essa tendência apenas nas faixas etárias a partir de 60 anos. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 44, período de 30 de outubro a 5 de novembro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 7 de novembro.

Segundo o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, ainda não é possível afirmar que esse crescimento esteja relacionado especificamente com as identificações recentes de novas sublinhagens em alguns locais do país.

A análise aponta para a retomada do crescimento dos casos positivos para SARS-CoV-2. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 14,8% para Influenza A; 0,5% para Influenza B; 26,1% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 36,9% para SARS-CoV-2. Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 10,4% para Influenza A; 0,0% para Influenza B; 0,0% para VSR; e 74,6% SARS-CoV-2.

Dois picos anuais de covid-19?

O pesquisador Marcelo Gomes destaca que a hipótese de uma sazonalidade da covid-19 com dois picos anuais se torna mais provável se o cenário de algumas unidades federativas se traduzir em outro ciclo de aumento expressivo. "Diferente do Influenza e outros vírus respiratórios que tipicamente têm um pico por ano, a covid-19 pode estar se encaminhando para uma realidade na qual a gente tenha que conviver com dois momentos do aumento da sua circulação", reforça Gomes.

Redes de farmácias e laboratórios diagnósticos registram alta de positividade

Hospitais e farmácias em todo Brasil vêm registrando aumento nos casos de covid-19 nas últimas semanas, em movimento similar ao observado em clínicas e laboratórios diagnósticos.

Dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) apontam que, na última semana de outubro, os testes de covid-19 em farmácias voltaram a apresentar taxas de positividade de 20,75%. No consolidado do último mês, outubro terminou com 7.986 testes positivos – 13,26% do total e 44% acima dos indicadores de setembro.

Segundo a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), houve aumento na taxa de positividade dos exames de covid-19 feitos na rede privada. Na semana de 15 a 21 de outubro, o índice estava em 8,8%, saltando para 17,3% na semana de 22 a 28 de outubro e para 23,1% na semana de 29 de outubro a 4 de novembro.

Aumento de casos de covid-19 no AM está associado à sublinhagem BA.5.3.1

O virologista Felipe Naveca, coordenador do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), descartou na terça-feira (8) a possibilidade de que o aumento do número de casos positivos de covid-19 registrado nos últimos dias, no Amazonas, esteja associado à subvariante BQ.1, derivada da Ômicron e identificada recentemente.

Segundo o pesquisador, a sublinhagem BA.5.3.1, identificada no estado em junho deste ano, corresponde a 94% dos casos no Amazonas no período mais recente analisado (até 21 de outubro), enquanto a BQ.1 foi encontrada em apenas um caso no Estado até o momento. Naveca adiantou que, em função das mutações encontradas na BA.5.3.1, foi solicitado ao comitê da Organização Mundial da Saúde responsável pela classificação que seja criada uma designação própria para essa sublinhagem, o que deverá ser avaliado nas próximas semanas.

Autoridade sanitária de São Paulo divulga medidas para reduzir o risco de contaminação

Em São Paulo, o número de internados em UTIs da Grande São Paulo subiu 65,1% nas últimas duas semanas, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Como registra reportagem publicada pelo Estadão, o número de hospitalizados em UTIs com diagnóstico de covid-19 saltou de 288 para 448 no período, alta de 55,5%. Já os hospitalizados em enfermaria foram de 555 para 832 no intervalo de duas semanas, aumento de 49,9%.

A secretaria estadual fez recomendações para reduzir o risco de contaminação. Entre as medidas, estão a aplicação das doses de reforço nos adultos maiores de 18 anos. Cerca de 10 milhões de adultos não tomaram a primeira dose de reforço e 7 milhões estão sem a segunda dose de reforço.

Outra medida é reforçar a necessidade de aumentar a cobertura vacinal de crianças e adolescentes, grupo em que se observa aumento de internações.

Mais uma recomendação é a utilização de máscaras em situações de maior risco de transmissão do vírus, como transporte público e serviços de saúde (incluindo farmácias) e para os grupos populacionais mais vulneráveis, incluindo os mais idosos e pessoas com comorbidades. A nota reforça ainda a necessidade de acesso ao tratamento com antivirais para pessoas com covid-19 com sintomas leves ou moderados, especialmente nos grupos vulneráveis para evitar quadros graves que possam levar à internação e eventualmente à perda de vidas.

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