Jejum regular associado a covid-19 mais branda: novo estudo

Marlene Busko

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17 de agosto de 2022

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O jejum intermitente não foi associado a menos probabilidade de ter covid-19, mas foi relacionado a uma infecção menos grave, de acordo com os resultados de um novo estudo.

O estudo avaliou homens e mulheres no estado de Utá dos Estados Unidos, que estavam, em média, na faixa dos 60 anos e tiveram covid-19 antes da disponibilização das vacinas.

Aproximadamente uma em cada três habitantes de Utá jejuam de vez em quando – mais do que em outros estados dos EUA. Isso ocorre em parte porque mais de 60% dos habitantes de Utá são membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e cerca de 40% desses fiéis religiosos jejuam, geralmente pulando duas refeições seguidas.

De acordo com o estudo, as pessoas que jejuaram, em média, uma vez por mês ao longo dos últimos 40 anos não apresentaram menos chances de ter covid-19, mas tiveram menos probabilidade de hospitalização ou morte em decorrência da infecção.

“O jejum intermitente já demonstrou diminuir a inflamação e melhorar a saúde cardiovascular”, disse o primeiro autor do estudo, Dr. Benjamin Horne, Ph.D., afiliado ao Intermountain Medical Center Heart Institute, nos EUA, em um comunicado.

“Neste estudo, encontramos outros benefícios, relacionados ao combate à infecção por covid-19, para pacientes que realizam jejum há décadas”, ele explicou.

O estudo foi publicado no periódico BMJ Nutrition, Prevention & Health.

O jejum intermitente não substitui a vacina contra covid-19

É importante ressaltar que o jejum intermitente não deve ser visto como um substituto da vacina anticovídica, enfatizaram os pesquisadores. Em vez disso, pode ser um hábito saudável a ser considerado, pois também está associado à redução do risco de diabetes e doenças cardiovasculares, por exemplo.

Mas quem quiser considerar o jejum intermitente deve consultar um médico antes, enfatizou o Dr. Benjamin, especialmente se a pessoa for idosa, estiver grávida ou tiver diabetes, doença cardíaca ou doença renal.

Jejuar não impediu a covid-19, mas abrandou a infecção

No estudo, a equipe analisou dados de 1.524 adultos atendidos no laboratório de cateterismo cardíaco do Intermountain Medical Center Heart Institute. Os pacientes participaram de uma enquete e testaram para infecção por SARS-CoV-2 entre 16 de março de 2020 e 25 de fevereiro de 2021.

No total, 205 dos 1.524 pacientes positivaram para covid-19 e, desses, 73 afirmaram que jejuavam regularmente pelo menos uma vez por mês.

Um número semelhante de pacientes contraiu covid-19, independentemente de terem jejuado regularmente ou não (14% versus 13%). Mas entre os que positivaram para covid-19, menos pacientes foram hospitalizados por covid-19 ou morreram durante o acompanhamento do estudo se tivessem jejuado regularmente (11%) do que se não tivessem jejuado regularmente (29%).

Mesmo quando as análises foram ajustadas para idade, tabagismo, uso de álcool, etnia, história de doença cardíaca e outros fatores, o jejum intermitente ainda foi um preditor independente de menor risco de hospitalização ou morte.

Vários fatores podem explicar esses achados, segundo os pesquisadores. A perda de apetite é uma resposta típica à infecção, observaram. O jejum reduz a inflamação e, após 12 a 14 horas sem comer, o corpo muda do uso da glicose para o uso de cetonas, incluindo o ácido linoleico.

“Há uma reentrância na superfície do SARS-CoV-2, na qual o ácido linoleico se encaixa e pode incapacitar a ligação celular do vírus”, explicou o Dr. Benjamin.

O jejum intermitente também promove a autofagia, observou ele, que é "o sistema de reciclagem do corpo que ajuda seu corpo a destruir e reciclar células danificadas e infectadas”.

Os pesquisadores concluíram que os planos de jejum intermitente devem ser avaliados em novas pesquisas “como terapia complementar às vacinas para reduzir a gravidade da covid-19, tanto durante quanto após a pandemia, visto que a vacinação não pode ser repetida a cada poucos meses indefinidamente para todos, e há restrição ao acesso à vacina em muitos países".

Fontes

Intermountain Healthcare: "New Intermountain Healthcare Study Finds People Who Practice Intermittent Fasting Experience Less Severe Complications from COVID-19."

BMJ Nutrition, Prevention & Health: "Association of periodic fasting with lower severity of COVID-19 outcomes in the SARS-CoV-2 prevaccine era: an observational cohort from the INSPIRE registry"

Intermountain Healthcare Biological Samples Collection Project and Investigational Registry (INSPIRE).

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