Os casos de varíola símia estão em crescimento em todo o mundo. No Brasil, até o dia 3 de julho, o número de casos confirmados era de 76. No mundo, mais de 5.700 mil casos foram notificados até o momento, de acordo com os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos. "Não parece haver uma pandemia de varíola símia", escreveu o médico Dr. Karl Lauterbach, e ministro da Saúde da Alemanha. No momento, a probabilidade de que os médicos atendam um paciente infectado é muito pequena; apesar disso, os profissionais de saúde devem estar preparados. O Robert Koch-Instituts (RKI), uma agência do governo federal alemão, compilou sugestões para os cenários de internação hospitalar e assistência ambulatorial.
Características do vírus
Todas as medidas de higiene são baseadas nas características atualmente conhecidas do vírus. De acordo com o RKI, o contato da pele ou mucosa com secreções infecciosas das lesões cutâneas de uma pessoa infectada é uma das principais formas de transmissão entre humanos.
O vírus permanece biologicamente ativo por um certo período, mesmo em pele ou secreções secas, portanto, em geral, "é necessário fazer uma limpeza e desinfecção cuidadosas e completas do ambiente e das superfícies circunjacentes ao paciente", recomendou o RKI. Infecções transmitidas por gotículas ou superfícies contaminadas são menos frequentes.
Medidas básicas de higiene
“Essencialmente, todas as medidas básicas de higiene devem ser seguidas ao lidar com indivíduos infectados”, indicou o RKI. Médicos e outros profissionais de saúde devem usar um saneante para as mãos com eficácia comprovada, no mínimo virucida.
Na Alemanha, os fabricantes fornecem esse tipo de informação na embalagem. Tanto o RKI quanto a Verbund für Angewandte Hygiene (VAH) publicaram diretrizes a respeito, baseadas nos dados.
Atitudes no cenário ambulatorial
No cenário ambulatorial, existe o risco (atualmente ainda bastante baixo) de que pacientes com a doença infectem outros pacientes ou profissionais. Para evitar isso, o RKI recomenda medidas administrativas.
Se os profissionais identificarem pacientes com quadro clínico sugestivo de varíola símia na admissão do ambulatório ou via contato telefônico, os pacientes devem ser isolados. Para isso, salas de espera e consultórios com superfícies de fácil desinfecção por lenços umedecidos antissépticos são adequadas. Mesmo que se trate apenas de casos suspeitos, todos os profissionais devem usar luvas descartáveis e máscaras cobrindo boca e nariz, o que virou um padrão durante a covid-19.
Atitudes no cenário do paciente internado
O RKI recomenda que o paciente seja acomodado em quarto com isolamento, banheiro privativo e, se possível, uma antecâmara na qual médicos e enfermeiros possam colocar e retirar os equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas descartáveis, máscara cobrindo boca e nariz (quando houver contato direto, deve-se utilizar no mínimo uma máscara PFF2) e óculos de proteção.
A desinfecção das superfícies merece atenção especial. Além da seleção de saneantes adequados (vide acima), o RKI recomenda que a alta estabilidade do vírus, especialmente nos fômites que persistem na pele, seja levada em consideração. Na limpeza, deve-se ter um cuidado especial para não espalhar estes fômites, e o tempo de aplicação do fabricante deve ser rigorosamente observado.
Tais medidas são importantes para todas as superfícies próximas aos pacientes, como mesas de cabeceira, zonas úmidas e maçanetas.
Equipamentos médicos como estetoscópios ou eletrodos devem ser desinfetados imediatamente após o uso. Se possível, é preferível a desinfecção por método térmico, como a utilizada em instrumentais cirúrgicos reprocessados. O RKI fez recomendações específicas para dispositivos médicos.
No processamento de roupas como toalhas ou roupa de cama, existe o perigo de que fômites sejam agitados e espalhados. As roupas devem ser recolhidas e transportadas em sacos selados para a unidade de processamento de roupas. Na Alemanha, detalhes sobre a seleção de saneantes podem ser encontrados nas listas do RKI ou do VAH.
Os resíduos contaminados são enquadrados no grupo A, subgrupo A1 (Resolução RDC/Anvisa nº 222, de 28 de março de 2018) e só podem ser destruídos termicamente em instalações adequadas.
Este artigo foi traduzido do alemão para o inglês e então retraduzido o português.
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Imagem principal: Dreamstime
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Citar este artigo: Como os médicos podem se proteger contra a varíola símia? - Medscape - 5 de julho de 2022.
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