Temas mais buscados em junho de 2022: Vitamina D

Ryan Syrek

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10 de junho de 2022

Ao final de cada semana nós identificamos o tema mais buscado no site do Medscape, procuramos compreender o que motivou a tendência e então compartilhamos um breve resumo sobre o tema acompanhado de um infográfico. Dúvidas ou sugestões? Entre em contato conosco pelo Twitter ou pelo Facebook

Especialistas sugeriram que o interesse na suplementação com vitamina D é tão forte que aparentemente é impermeável às evidências. No entanto, as pesquisas sobre a ligação entre o nutriente e várias doenças continuam. Resultados recentes examinaram a vitamina D e suas relações com o diabetes, a obesidade, o câncer de mama e a covid-19. O interesse nestes estudos fez com que a vitamina D mais uma vez se tornasse o tema clínico mais importante da semana. Entre as notáveis pesquisas, foi feito um novo estudo reiterando um achado antigo (veja o infográfico abaixo).

Os novos achados vêm do estudo prospectivo Diabetes Prevention with active Vitamin D (DPVD) com mais de 1.200 participantes japoneses apresentando comprometimento da tolerância a glicose. Os dados mostram que a suplementação com vitamina D também não conseguiu melhorar a regressão para a normoglicemia em comparação com o placebo. No editorial que acompanha o estudo, a Dra. Tatiana Christides, Ph.D., escreveu que o novo ensaio "foi bem-feito e adotou critérios diagnósticos rigorosamente definidos e testados e com duração suficiente, mas pode não ter tido o poder estatístico de detectar um pequeno efeito". A editorialista indica uma metanálise recente de ensaios de intervenção, que encontraram uma redução significativa de 10% no risco do diabetes tipo 2 com uso de suplementos de vitamina D. A Dra. Tatiana acrescentou que esta era "uma diferença muito pequena para ser detectada pelo novo ensaio clínico (...) embora uma redução de risco de 10% seja modesta, pode ser valiosa ao nível da população e justifica um estudo mais aprofundado".

Outro estudo, ainda não revisado por pares, constatou que os níveis de 25-hidroxivitamina D ou 25(OH)D estavam inversamente associados aos níveis de glucagon e aos níveis do peptídeo de conexão (C-peptídeo) em 4.670 pacientes chineses com diabetes tipo 2 e obesidade abdominal. O quartil mais baixo apresentou níveis de 25 (OH)D níveis ≤ 30,79 ng/mL; o quartil mais alto apresentou níveis ≥ 48,92 ng/mL. Entre os pacientes com diabetes tipo 2 sem obesidade abdominal, os níveis de vitamina D foram inversa e significativamente associados a glicemia de jejum, hemoglobina glicada (A1c), glucagon e função das células beta, após ajuste para múltiplas variáveis. Entre os pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade abdominal, os níveis de vitamina D foram inversa e significativamente associados a A1c, glucagon, insulina de jejum, peptídeo C de jejum e resistência a insulina. Nos pacientes com diabetes tipo 2 por um curto período e obesidade abdominal, os que tinham níveis mais elevados de vitamina D tiveram menor razão entre o glucagon e o peptídeo C, ou seja, tiveram melhor homeostase entre as células alfa e as células beta das ilhotas pancreáticas do que os pacientes com níveis mais baixos.

Outro estudo que analisou a vitamina D e o peso, também ainda não revisto pelos especialistas, constatou que homens com sobrepeso ou obesidade tinham uma probabilidade significativamente maior de apresentar níveis inadequados de 25 (OH)D < 20 ng/mL (50 nmol/L), independentemente dos fatores demográficos e dos estilo de vida. Isso não foi observado entre as mulheres. Em comparação aos homens com peso normal, os homens com sobrepeso apresentaram maior probabilidade de inadequação da vitamina D (razão de chances ajustada de 1,2; p = 0,03), assim como os homens com obesidade (razão de chances ajustada de 1,4; p > 0,001), após ajuste por idade, sexo, local de residência, escolaridade, atividade física, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.

A deficiência da vitamina D também foi recentemente relacionada com o risco de câncer de mama nas mulheres hispânicas e negras. Os níveis de vitamina D foram avaliados em amostras de sangue de 290 mulheres negras/afro-americanas e 125 mulheres não negras hispânicas ou latinas que tiveram câncer de mama, bem como 1.084 mulheres negras/afro-americanas e 461 mulheres hispânicas ou latinas que não tiveram câncer de mama. Durante uma média de acompanhamento de 9,2 anos, as mulheres com níveis circulantes suficientes de 25 (OH)D (20 ng/mL) tiveram 21% menos casos de câncer de mama do que as mulheres com concentrações abaixo deste ponto de corte, embora o resultado tenha ficado aquém da significância estatística (razão de risco de 0,79; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 0,61 a 1,02). A associação inversa foi mais forte entre as mulheres hispânicas ou latinas (razão de risco de 0,52; IC de 95%, de 0,29 a 0,93), com uma associação mais fraca observada entre as negras ou afro-americanas (razão de risco de 0,89; IC de 95%, de 0,68 a 1,18; p para heterogeneidade = 0,13).

No início deste ano, a deficiência de vitamina D também foi relacionada com o aumento da probabilidade das formas graves ou críticas da covid-19. Em um estudo feito com os dados das duas primeiras ondas de covid-19 em Israel, os pacientes com deficiência de vitamina D tiveram 14 vezes mais probabilidade de evoluir para doença grave ou crítica. A mortalidade entre os pacientes com níveis insuficientes de vitamina D foi de 25,6%, contra 2,3% entre aqueles com níveis adequados. Essas diferenças mantiveram-se mesmo após os pesquisadores fazerem controle por idade, sexo e história de doença crônica. Os responsáveis pela saúde em vários países recomendaram o uso de suplementos de vitamina D durante a pandemia.

Da deficiência ao uso de suplementos, as pesquisas sobre a vitamina D são sempre extremamente populares. Com tantas pesquisas recentes, não é de admirar que o assunto tenha se tornado mais uma vez o tema clínico mais importante da semana.

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