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O estudo resumido neste artigo foi publicado no servidor de pré-impressão medRxiv , e ainda não foi revisado por pares.
Conclusão
Pacientes com síndrome pós-covid-19 apresentam comprometimento cognitivo por um período prolongado, que pode durar mais de três meses. Este quadro pode ser avaliado por meio do teste Oxford Cognitive Screen-Plus (OCS-Plus), que é barato, portátil e fácil de usar.
Relevância
Ter uma forma barata e portátil de avaliar o comprometimento cognitivo em pacientes com síndrome pós-covid-19 pode fornecer valiosas informações para a previsão de desfechos e as decisões terapêuticas. Isso pode ser especialmente útil para residentes de áreas rurais, com pouco acesso a atendimento médico, e para outros pacientes, descartando a necessidade de encaminhamento para um ambulatório especializado.
Desenho do estudo
Os autores avaliaram pacientes com síndrome pós-covid-19, de 18 a 65 anos, atendidos entre agosto de 2020 e março de 2022 no ambulatório pós-covid-19 da Universitätsklinikum Jena, Alemanha. O grupo de controle foi composto de indivíduos pareados de acordo com critérios sociodemográficos. Pacientes com história de doenças neurológicas foram excluídos.
Foram coletados os seguintes dados: história patológica pregressa, informações sociodemográficas e queixas cognitivas subjetivas.
As avaliações foram realizadas a partir da seção de depressão do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), da Fatigue Assessment Scale, do Brief Fatigue Inventory e do OCS-Plus.
O teste OCS-Plus, uma ferramenta de triagem clínica para tablets, foi utilizado para avaliar orientação, memória, atenção e função executiva. As pontuações foram calculadas para essas quatro áreas.
O estudo investigou a relação entre essas disfunções, os desfechos clínicos e os desfechos referidos pelos pacientes.
Foram realizadas análises estatísticas utilizando testes t de Welch, testes qui-quadrado com correção de continuidade de Yates, testes de Wilcoxon e regressão linear múltipla.
Principais resultados
Na entrevista inicial, 69,9% dos pacientes queixaram-se de problemas de concentração, 58,9% queixaram-se de problemas de memória e 55,7% queixaram-se de ambos.
Ao avaliar a presença de fadiga e depressão, por meio do Brief Fatigue Inventory e do PHQ-9, respectivamente, as pontuações dos pacientes foram significativamente piores do que as dos controles nas duas avaliações (P < 0,001 para ambos).
Os pacientes tiveram pontuações mais baixas do que os controles saudáveis nos testes de codificação do tipo 2 (para avaliação de codificação de memória) (P = 0,034), evocação tardia (para memória tardia) (P = 0,013), precisão de cópia de figura (para prática) (P = 0,037), falsos-positivos em testes de cancelamento (P = 0,03) e precisão em testes de cancelamento invisíveis (P= 0,018) (ambos para atenção).
As pontuações para memória tardia (P < 0,01), funcionamento executivo (P = 0,033) e atenção (P = 0,027) dos pacientes também foram significativamente mais baixas do que as dos controles saudáveis.
No quesito codificação de memória, 10,7% dos pacientes versus 3,85% dos controles saudáveis pontuaram abaixo do ponto de corte.
No quesito memória tardia, 21,15% vs. 6% dos controles saudáveis dos pacientes pontuaram abaixo do ponto de corte.
No quesito funcionamento executivo, 19,27% dos pacientes vs. 8% dos controles saudáveis pontuaram abaixo do ponto de corte.
No quesito atenção, 14,91% vs. 2% dos controles saudáveis dos pacientes pontuaram abaixo do ponto de corte.
Considerando as pontuações em todos os domínios, 53,7% dos pacientes vs. 25% dos controles apresentaram comprometimento em pelo menos um domínio; 18,68% dos pacientes vs. 5% dos controles pontuaram abaixo do ponto de corte em pelo menos dois domínios; e 3,89% dos pacientes vs. 0% dos controles pontuaram abaixo do ponto de corte em pelo menos três domínios.
As pontuações de memória tardia foram menores em pacientes com queixas cognitivas subjetivas em comparação com pacientes sem queixas (P = 0,024).
Tanto a hospitalização quanto a idade foram preditores de piores pontuações de memória tardia (P < 0,01 e P = 0,005; respectivamente).
Para o desempenho em atenção, a hospitalização foi um preditor significativo (P < 0,01), mas a idade não (P = 0,089).
Para função executiva, nem a idade, nem a hospitalização foram preditores (P = 0,242).
Limitações
Apesar de os pacientes com doenças neurológicas conhecidas terem sido excluídos da análise, os autores não conseguiram dizer se os déficits identificados já existiam antes da infecção por covid-19.
Como todos os pacientes incluídos no estudo apresentaram sintomas graves a ponto de terem sido atendidos em um ambulatório especializado, este viés de seleção pode limitar a generalização dos achados para todos os pacientes com síndrome pós-covid-19.
Conflitos de interesses
O ambulatório pós-covid-19 foi apoiado pelo Thüringer Aufbaubank (2021 FGI 0060).
Os autores informaram não ter conflitos de interesses em relação ao conteúdo do manuscrito.
Este artigo é um resumo do estudo em pré-impressão "Assessment of Subtle Cognitive Impairments in Patients With Post-COVID Syndrome With the Tablet-based Oxford Cognitive Screen-Plus (OCS-Plus)", escrito por Valeska Kozik, mestre em ciências, do departamento de neurologia do Universitätsklinikum Jena/Friedrich-Schiller-Universität Jena, na Alemanha, e colegas, fornecido a você pelo Medscape. O trabalho em pauta ainda não foi revisado por pares. Leia o texto completo no site medRxiv.org .
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Créditos
Imagem principal: Dreamstime
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Citar este artigo: Teste OCS-Plus para triagem de comprometimento cognitivo após a covid-19: 'portátil e fácil de usar' - Medscape - 7 de junho de 2022.
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