Covid-19: Resumo da semana (30 de abril a 6 de maio)

Equipe Medscape Professional Network

6 de maio de 2022

Neste artigo

A covid-19 no mundo

De acordo com estimativa divulgada no dia 5 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número real de vítimas da covid-19 no mundo é cerca de três vezes maior do que os 5,4 milhões oficiais, chegando a 14,9 milhões no final de 2021. “Esses dados preocupantes não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes”, afirmou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

De acordo com os dados do monitor Coronavírus Resource Center, da Johns Hopkins University (EUA), o mundo registrou 516.326.823 diagnósticos de infecção pelo vírus SARS-CoV-2, e 6.248.434 óbitos por covid-19 na manhã do dia 6 de maio.

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, disse que na semana passada  foram registrados mais de 616 mil novos casos (um aumento de 12,7% em relação à semana anterior) e mais de 4.200 mortes ocorreram nas Américas. Os casos de covid-19 e as hospitalizações estão aumentando: onze países e territórios da região relataram aumento nas hospitalizações e internações em unidades de terapia intensiva.

Na América do Norte, os casos aumentaram pela quinta semana consecutiva (19,5% em relação à semana anterior). Nos Estados Unidos, 66.710 novas infecções foram relatadas em média a cada dia, reportou a Agência Reuters. Desde o início da pandemia, o país relatou 81.749.127 infecções e 997.912 mortes.

De acordo com estimativas recentes dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 36,5% dos dados sequenciados semanais no país durante a SE 17 eram da sub-linhagem Ômicron BA2.12.1 – acima dos 26,6% relatados durante a SE 16.

O governo mexicano garante que o México caminha para um "estado endêmico" do SARS-CoV-2. Em 30 de abril, terminou a operação lançada pelo governo mexicano para a aplicação de doses de reforço contra a covid-19 e a vacinação de retardatários.

Na América Central, a região do Caribe registrou um aumento de 15,4% em novas infecções e as mortes aumentaram pela terceira semana consecutiva (39,6% em relação à semana anterior).

Na América do Sul, houve uma diminuição geral de 8% em novas infecções, embora sete dos dez países da região tenham relatado um aumento nos casos durante a SE 17 (intervalo: 3,2% - aumento de 107,1%). O maior aumento relativo de casos foi observado na Bolívia (671 novos casos, aumento de 107,1%), seguido pela Venezuela (217 casos, aumento de 52,8%) e Paraguai em relação à semana anterior, notando que houve um atraso de notificação de uma semana para o Paraguai.

Entre os três países que relataram declínio nos casos, a maior queda foi observada na Argentina (11.443 novos casos, queda de -53,9%), seguida pelo Uruguai (1.856 novos casos, queda de -23,2%) e Chile (14.168 novos casos, -10,5 % de redução) na SE 17. No entanto, os dados devem ser interpretados com cautela, uma vez que todos os três países – como muitos outros ao redor do mundo – mudaram suas estratégias de testagem, resultando em números gerais mais baixos de testes realizados e, consequentemente, números mais baixos de casos detectados.

Quanto às mortes, houve um total de 1.332 mortes por covid-19 relatadas na América do Sul, representando um aumento de 8,7% em relação à semana anterior. A maior proporção de mortes relatadas foi registrada pelo Brasil (853 novas mortes, aumento de 31,2%), seguido pelo Chile (152 novas mortes, aumento de 5,6%) e Argentina (111 novas mortes, queda de -43,9%). No Paraguai, das 75 mortes relatadas na SE 17, apenas três mortes foram atribuídas à semana de notificação – o restante foram mortes históricas incluídas na notificação semanal. Os dados são do relatório de 3 de maio da Organizacão Panamericana de Saúde (PAHO).

No Reino Unido, dados recentes da UK Health Security Agency (UKHSA) sugerem que a subvariante recombinante XE da Ômicron pode ser mais transmissível do que a cepa BA.2 que atualmente está causando a infecção por covid-19 no Reino Unido. O total em 29 de abril foi de 1.371 casos confirmados por Omicron XE, de acordo com dados oficiais. Além disso, a OMS recomendou fortemente que pacientes com covid-19 não grave e considerados de alto risco de hospitalização recebam o antiviral oral que combina nirmatrelvir e ritonavir.

Nos últimos sete dias, 79.310 pessoas testaram positivo para covid-19 no Reino Unido, uma queda de 39,5% em relação à semana anterior a 3 de maio, de acordo com os últimos números do governo. Em 27 de abril, 8.840 pacientes foram internados, uma queda de 21,1% em relação à semana anterior. As mortes dentro de 28 dias após um teste positivo foram 1.175 nos últimos 7 dias, uma queda de 48,1% em relação à semana anterior.

Na Alemanha, o isolamento obrigatório de pessoas infectadas com SARS-CoV-2 pode terminar após cinco dias, com teste negativo. Caso contrário, o isolamento obrigatório continuará além disso, de acordo com as novas diretrizes publicadas pelo Instituto Robert Koch (RKI) no dia 2. Até então, a quarentena geralmente durava dez dias e podia ser encerrada em sete dias após teste negativo. No dia 4, o Instituto Robert Koch (RKI) comunicou que o número total de infecções desde o início da pandemia foi de 25 milhões, sabendo que pessoas reinfectadas podem ter sido duplamente incluídas nas estatísticas. Os especialistas também assumem que um grande número de casos não foi registrado, principalmente porque um teste rápido positivo nem sempre é seguido por um teste de PCR, considerando que somente testes PCR são registrados pelo RKI. De acordo com um modelo do Instituto publicado recentemente, apenas cerca de 7% da população alemã não foram vacinados contra a covid-19 ou estiveram em contato com o vírus no final de março.

Na França, a epidemia continua em declínio, com uma incidência de 554 casos por 100.000 habitantes em 3 de maio, representando uma queda de 39% na última semana. O R(t) agora é 0,7. No dia 3, foram declaradas 1.140 novas internações ligadas à covid-19, ou seja, -29% em sete dias, e 116 novas internações em terapia intensiva, ou seja, -26% em sete dias. Em relação aos tratamentos, após autorizar no início do ano o acesso antecipado ao Xevudy® (sotrovimabe) para a covid-19, a Haute Autorité de Santé (HAS), da França, está restringindo seu uso.

"A atividade neutralizante deste anticorpo monoclonal parece estar bastante reduzida na subvariante BA.2, que representa a maioria hoje", afirmou a HAS. A autorização de acesso antecipado segue mantida (de acordo com o mesmo regime de dosagem), mas apenas para pacientes afetados por uma cepa diferente da sublinhagem BA.2 da variante Ômicron.

Durante uma viagem aos Altos Pirenéus, o presidente Emmanuel Macron levantou pela primeira vez a possibilidade de reintegrar os cuidadores que não foram vacinados contra a covid-19 aos seus serviços hospitalares.

Em Portugal, análise de dados oficiais feita pelo epidemiologista Manuel Carmo Gomes destacou que o número absoluto de óbitos por covid-19 registrados em abril de 2022 é quase cinco vezes superior ao valor reportado no mesmo mês de 2021. O especialista aponta que cerca de 25% dos resultados são positivos para 100 testes de covid-19. Considerando que os testes agora são realizados apenas em caso de suspeita de infecção, ele classifica esse valor como um valor de positividade muito alto.

Em 3 de maio, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que a quarta dose deve começar a ser administrada a pessoas com 80 anos ou mais no final de agosto ou início de setembro, de forma a combater uma nova onda "previsível" de covid-19 no inverno. A chefe da Direção-Geral da Saúde (DGS) não exclui a possibilidade de antecipar este reforço caso seja necessário. A quarta dose já é administrada por prescrição para pessoas imunossuprimidas e vulneráveis.

De acordo com as novas orientações publicadas pela DGS em 3 de maio, as visitas a doentes internados em hospitais deixam de estar sujeitas à apresentação de certificado digital nos procedimentos de recuperação ou a um teste negativo. 

Desde o dia 2, uma equipe da OMS e observadores internacionais estão em Portugal para auditar o sistema de saúde e os mecanismos de resposta à covid-19, naquela que será a primeira Universal Health Preparedness Review de um país europeu.

Na Itália, a incidência de casos de covid-19 está aumentando ligeiramente: foi de 675 para 699 casos por 100.000 habitantes, de acordo com dados agregados do Ministério da Saúde em comparação com a semana anterior. Por outro lado, o R(t) médio calculado nos casos sintomáticos permanece estável em 0,93. A taxa de ocupação nas unidades de terapia intensiva e nos hospitais também segue estável.

No dia 2, entraram em vigor novos regulamentos muito menos restritivos para a gestão da pandemia. O cartão de vacinação não será mais necessário para entrar em locais públicos: até 31 de dezembro, porém, será necessário comprovar vacinação ou cura para visitar pacientes internados. As máscaras deixaram de ser obrigatórias em lojas e supermercados, mas as máscaras PFF2 são obrigatórias nos transportes públicos até 15 de junho e em cinemas, pavilhões desportivos, hospitais até ao final de maio. Na escola, as máscaras são obrigatórias até ao final do ano letivo, mas máscaras cirúrgicas são aceitas.

Embora a Itália seja um dos países do mundo com maior porcentagem de cidadãos que receberam o reforço vacinal, apenas 15% dos pacientes imunocomprometidos e menos de 5% dos idosos já aceitaram o segundo reforço, apesar das novas evidências de Israel de que a quarta dose da vacina confere proteção adicional, reduzindo a gravidade da doença.

Na Espanha, desde a retirada da obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes fechados, a incidência acumulada em 14 dias aumentou, principalmente nos maiores de 60 anos, atingindo 790 casos por 100.000 habitantes no dia 3. Os maiores de 80 anos têm a maior incidência, ultrapassando 1.000 casos por 100.000 habitantes. A pressão da saúde nos hospitais permanece estável, com uma taxa de ocupação da unidade de terapia intensiva de 4% no dia 3. Mais de 40 milhões de pessoas, ou 85,2% da população espanhola, já têm o calendário completo de vacinas covid-19.

A Sociedade Espanhola de Epidemiologia publicou um documento com recomendações para evitar novas infecções, dado o aumento da incidência. Pesquisadores do Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC) obtiveram anticorpos neutralizantes eficazes contra as variantes mais virulentas do SARS-CoV-2. Eles afirmam que as substâncias já podem ser usadas ​​como terapia em pacientes com covid-19. Em suas análises, a administração de uma única dose desses anticorpos protegeu da morte entre 85% e 100% dos animais infectados.

Na segunda-feira, a Nova Zelândia abriu suas fronteiras para visitantes de cerca de 60 países, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha e Cingapura, pela primeira vez desde o início de 2020.

As restrições em Pequim, na China, são reforçadas à medida que o surto de covid-19 avança no país. O fechamento de estações de metrô, linhas de ônibus, escolas, restaurantes, academias, locais de entretenimento e algumas empresas e edifícios residenciais pode se estender até depois dos feriados que se encerraram em 4 de maio. Xangai permanece sob bloqueio total.

Novos dados do governo da Índia mostram um excesso de mortes de 475.000 óbitos em 2020, o que se traduz em um aumento de 6% em relação ao ano anterior. A Índia se opôs ao método usado pela OMS, que divulgou dados esta semana, para estimar o excesso de mortes por covid-19. As autoridades negam que o número real de mortos possa ser significativamente maior do que o registrado oficialmente.

Na terça-feira, Taiwan anunciou que a quarentena obrigatória para todas as chegadas internacionais seria reduzida de 10 para 7 dias. A decisão foi tomada apesar de um aumento contínuo nas infecções domésticas por covid-19.

A Coreia do Sul suspendeu sua exigência de uso máscaras ao ar livre, pois a situação do covid-19 no país parece estar se estabilizando. No entanto, o uso de máscara permanece obrigatório em eventos que reúnam 50 ou mais pessoas.

A Malásia anunciou que as restrições à covid-19 serão  aliviadas em breve, incluindo a eliminação da exigência de usar uma máscara ao ar livre e a remoção de restrições a pessoas não vacinadas.

De acordo com a OMS, a África apresenta um declínio sustentado em novos casos e mortes de covid-19 desde janeiro de 2022 e nenhum país está experimentando um ressurgimento (aumento de 20% em novos casos de covid-19 por pelo menos duas semanas consecutivas). Durante a semana que terminou em 10 de abril de 2022, países como Chade, Lesoto, Libéria, Mali e Níger registraram aumentos de 20% ou mais no número de casos semanais em comparação com a semana anterior. Angola, Burkina Faso, República Centro-Africana, Guiné Equatorial, Gabão, Gâmbia e ilhas Maurício não registaram novos casos nos últimos sete dias.

A OMS e outros parceiros importantes continuam a apoiar os Estados Membros no monitoramento da evolução da pandemia de covid-19. Em relação à vacinação, 20,62% da população estão parcialmente vacinados, 15,85% estão totalmente vacinados e 1,33% recebeu o reforço.

*Colaboradores deste artigo Aude Lecrubier (edição francesa do Medscape), Claudia Bravo (Medscape em espanhol), Eli Paes e Mônica Tarantino (Medscape em português), Vanessa Sibbald (Medscape UK), Maria Baena (Univadis Espanha), Brenda Goodman (Medscape Estados Unidos), equipe editorial Coliquio (Alemanha), Daniela Ovadia (Univadis Itália), Pavankumar Kamat (Univadis para a Ásia).

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