Vacinas anticovídicas de ARNm não mostram impacto nas taxas de sucesso da fertilização in vitro

Brandon May

Notificação

5 de abril de 2022

NOVA YORK (Reuters Health) - As vacinas anticovídicas de ARNm (mRNA, em inglês) parecem não afetar os resultados da fertilização in vitro, segundo um novo estudo feito em Israel.

Havia preocupação quanto a um possível efeito prejudicial do imunizante, dada a semelhança entre a sincitina-1, uma proteína de fusão placentária humana, e a proteína spike do SARS-CoV-2 expressa após a administração da vacina anticovídica, explicaram o Dr. Sarit Avraham, do Shamir Medical Center, em Israel, e colaboradores.

Para avaliar a questão, os pesquisadores estudaram 200 participantes entre 20 e 42 anos de idade que fizeram tratamento de fertilização in vitro em dois centros médicos em Israel entre janeiro e abril de 2021.

Conforme publicado no periódico Fertility and Sterility, todas receberam duas doses de uma vacina anticovídica de ARNm pelo menos duas semanas antes de iniciar a estimulação ovariana. As participantes foram pareadas por idade com 200 mulheres não vacinadas que também fizeram tratamento de fertilização in vitro durante os mesmos meses.

Não houve diferença significativa entre as participantes vacinadas e não vacinadas em relação ao número médio de oócitos recuperados por ciclo (10,6 versus 10,7).

Nos ciclos com congelamento de todos os embriões, as taxas de fertilização (55,4% para participantes vacinadas vs. 54,3% para não vacinadas), bem como o número médio de embriões criopreservados (3,6 vs. 3,3, respectivamente) não foram significativamente diferentes entre os dois grupos de estudo. Também não houve diferença significativa na taxa de fertilização entre participantes vacinadas e não vacinadas que realizaram transferências de embriões frescos (64,8% vs. 62,0%, respectivamente).

Entre as 128 participantes vacinadas e as 133 não vacinadas que realizaram transferências de embriões frescos, as taxas de gravidez clínica foram de 32,8% e 33,1% (P = 0,96) e as taxas de gravidez química foram de 4,7% e 9,8% (P = 0,11), respectivamente.

Em modelos de regressão, os pesquisadores não identificaram nenhum efeito da vacina anticovídica na produção de oócitos e nas taxas de gravidez.

Embora o desenho retrospectivo do estudo seja uma limitação, os pesquisadores acham que o “tamanho da amostra foi suficiente para controlar” a questão.

O Dr. Raoul Orvieto, diretor da Unidade de Fertilização in vitro do Sheba Medical Center, em Israel, que participou do estudo, mas não está listado como autor no artigo, disse que ele e seus colaboradores analisaram “todos os aspectos da covid-19 e sua relação com a fertilidade”.

“Primeiro, começamos avaliando se o vírus tem algum efeito na fertilização in vitro e notamos um pequeno declínio no número de embriões, mas esse efeito parece desaparecer após três meses”, disse ele à Reuters Health por e-mail.

A Dra. Jennifer Kawwass, diretora médica do Emory Reproductive Center, nos Estados Unidos, disse que os resultados são “tranquilizadores” e se somam ao “crescente corpo de evidências” de que as vacinas anticovídicas não afetam a fertilidade.

“As evidências continuam a corroborar as recomendações do American College of Obstetricians and Gynecologists, da Society for Maternal-Fetal Medicine e da American Society for Reproductive Medicine sobre a importância de incentivar a vacinação anticovídica para todos as pessoas, inclusive as que consideram a concepção e as gestantes ou puérperas”, disse a médica à Reuters Health por e-mail.

“Infelizmente, há mitos e inverdades sobre a vacinação anticovídica e a fertilidade que têm contribuído para a hesitação em relação à vacina”, disse a Dra. Jennifer, que não participou do novo estudo. “Os achados do estudo aumentam as evidências crescentes que desmascaram esses mitos e respaldam a segurança das vacinas.”

A médica acrescentou que outras “áreas para pesquisa abrangem investigar se e quando a vacinação deve ser repetida durante a gravidez para conferir imunidade fetal adicional, o impacto da vacina nas células dos tecidos reprodutivos e outros dados de longo prazo sobre a vacinação e a fertilidade”.

Os pesquisadores informaram não ter conflitos de interesses nem financiamento para o estudo.

FONTE: https://bit.ly/3vRTK45 Fertility and Sterility, publicado on-line em 24 de fevereiro de 2022.

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