Ao final de cada semana nós identificamos o tema mais buscado no site do Medscape, procuramos compreender o que motivou a tendência e então compartilhamos um breve resumo sobre o tema acompanhado de um infográfico. Dúvidas ou sugestões? Entre em contato conosco pelo Twitter ou pelo Facebook
O programa nacional de toxicologia dos Estados Unidos divulgou recentemente o 15º relatório sobre carcinogêneos (veja no infográfico). Noutros lugares, surgiram notícias sobre as chocantes consequências da intoxicação por chumbo na população. Isso e outros desenvolvimentos resultaram no tema clínico mais buscado da semana.
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O primeiro relatório, publicado em 1980, continha apenas 26 substâncias cancerígenas. Os especialistas sugerem que a lista ainda provavelmente subestima o número de carcinogêneos aos quais os seres humanos estão expostos. No passado, algumas substâncias originalmente incluídas eram “retiradas da lista” após litígio ou novas pesquisas. Por exemplo, em 1981 a sacarina foi listada como um “razoavelmente provável” carcinogêneo, mas foi a seguir retirada da 9ª edição, depois de uma análise exaustiva ter determinado que os dados eram insuficientes para satisfazer os critérios de inclusão. Outras entradas permanecem controversas. O tamoxifeno, originalmente listado no nono relatório (e ainda incluído no 15º), foi acrescentado porque estudos descobriram que poderia aumentar o risco de câncer de útero. Contudo, evidências conclusivas descobriram também que pode impedir ou retardar o câncer de mama nas mulheres com alto risco para a doença.
Em termos de outras preocupações, os pesquisadores que investigam produtos químicos em cosméticos encontraram altos níveis de flúor em muitos produtos testados. Isto indica a provável presença de fluorosurfactantes (PFAS, do inglês Per-and Polyfluoroalkyl Substances). Para o estudo, publicado on-line no periódico Environmental Science & Technology Letters, Bruton e colaboradores testaram o teor de flúor em 231 produtos cosméticos adquiridos de varejistas como Ulta Beauty, Sefora, Target e Bed Bath & Beyond. Três quartos das amostras de máscaras impermeáveis tiveram altas concentrações de flúor, como quase dois terços das bases e dos batons líquidos e mais de metade dos produtos para os olhos e os lábios testados. Muitos destes produtos químicos não estão listados nos rótulos do produto, tornando difícil para os consumidores evitá-los conscientemente.
Em relação a consequências relacionadas com outras ingestões tóxicas, um estudo recente constatou que metade dos adultos dos EUA foi exposta a níveis nocivos de chumbo na infância. Mais de 170 milhões de estadunidenses foram expostos a níveis nocivos de chumbo, e 90% dos que nasceram entre 1951 e 1980 tinham níveis de chumbo no sangue superiores ao limiar estabelecido pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Em média, esta exposição ao chumbo resultou numa queda de 2,6 pontos no quociente de inteligência (QI) por pessoa. No total, são mais de 800 milhões de pontos de QI.
Ao analisar os dados, o Dr. Francis Perry Wilson afirmou que “de 1960 a 1980, praticamente todas as crianças nos EUA teriam tido níveis de chumbo no sangue que hoje consideramos tóxicos”. O Dr. Perry concluiu que o principal ponto de partida do estudo não é um apelo à ação específica contra a ingestão tóxica de chumbo, mas “um lembrete de que os impactos do ambiente – como organizamos a indústria e a sociedade – na saúde pode levar décadas até ser inteiramente compreendido”.
Desde as preocupações atuais com os carcinogêneos até a aferição moderna de um problema histórico, notícias sobre ingestões tóxicas chamaram muita atenção esta semana, resultando no tema mais buscado.
Leia mais sobre a toxicidade do chumbo.
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Citar este artigo: Temas mais buscados em março de 2022: Intoxicações - Medscape - 18 de março de 2022.
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