Nota da editora: Veja as últimas notícias e orientações sobre a covid-19 em nosso Centro de Informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-2.
Na manhã da sexta-feira (26), o Brasil registrou 22.055.608 casos confirmados de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 e 613.697 óbitos por covid-19 desde o início da pandemia. A média de mortes em sete dias foi 217, com variação de -17% em 14 dias. Os dados são gerados a partir de levantamento diário feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde – o consórcio é formado por G1, UOL, O Globo, Extra, Folha de S. Paulo, e O Estado de S. Paulo.
Divulgado nesta quinta-feira (25/11), o Boletim InfoGripe apontou estabilidade de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil, com pequenas oscilações na maioria das faixas etárias. No entanto, a faixa etária de crianças entre zero e nove anos vem novamente apresentando um crescimento significativo de casos de vírus sincicial respiratório. Já na faixa de jovens adultos de 20 a 29 anos, foi observado aumento de resultados positivos para o novo coronavírus. A análise do Boletim é referente à Semana Epidemiológica (SE) 46, período de 14 a 20 de novembro.
Nova variante Ômicron
Não foi por falta de aviso sobre a necessidade de prover rapidamente vacinas à África. Na quarta-feira (24), o National Institute for Communicable Diseases (NICD), da África do Sul, identificou em amostras dos dias 11 a 20 de novembro, de uma nova linhagem do SARS-CoV-2, a B.1.1.529. Ao menos 22 casos provocados pela nova variante foram registrados. Pouco se sabe ainda sobre as implicações potenciais da nova cepa, mas uma declaração da OMS divulgada na sexta-feira (26) já a classificava como uma variante de atenção (VOC, do inglês, variant of concern). A nova VOC também recebeu o nome de Ômicron (Ómicron no português europeu). Segundo o comunicado da OMS, “evidências preliminares sugerem um risco aumentado de reinfecção com esta variante, em comparação com outras VOCs”.
Segundo reportagem da revista Nature, a variante teria mais de 30 mutações na proteína S (reconhece as células hospedeiras e é o principal alvo das respostas imunológicas do organismo). Por isso, há grande preocupação quanto ao escape da proteção conferida pelas vacinas, embora isso ainda não tenha sido alvo de estudos. No site do Science Media Centre, podem ser lidos comentários de especialistas sobre a variante emergente em Botswana (B.1.1.529) e outra cepa nos Estados Unidos (B.1.628).
Até as 13 horas de sexta-feira (26), infecções causadas pela B.1.1.529 foram confirmados na Bélgica, em Hong Kong e em Israel. O Reino Unido, a Alemanha e a Itália anunciaram medidas após descoberta de nova variante. Singapura e Japão também vão adotar restrições.
Anvisa recomenda suspensão de voos de seis países africanos
Em nota técnica divulgada nesta sexta (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomentou medidas restritivas de caráter temporário a voos vindos da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue por conta da nova variante B.1.1.529. A agência alerta que “a efetivação das medidas, contudo, depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.”
E o Brasil?
Corremos corre risco de enfrentar uma nova onda de covid-19 como vive a Europa? A BBC News Brasil entrevistou especialistas para tentar responder a esta pergunta. A reportagem comenta aspectos da crise sanitária em cada país e a necessidade de cuidados para que um cenário ruim no Exterior não seja "importado".
Passaporte vacinal
Na quinta-feira (25), Anvisa recomendou a exigência de comprovante de vacinação para covid-19 para entrada de viajantes no Brasil. Ignorando os riscos, o ministro da Justiça, Anderson Torres, declarou-se contra a exigência do “passaporte da vacina”, documento que comprova a imunização para que turistas tenham a entrada liberada no Brasil. A agência pede também regras mais duras para quem chega pelos aeroportos, com quarentena de cinco dias para não vacinados. O governo federal não quer restrições.
Lições da nova onda na Europa
"No geral, o que o Brasil pode aprender com a experiência atual da Europa é que você não pode contar apenas com a proteção da vacinação e da infecção prévia", disse Jeremy Rossman, professor de virologia da Universidade de Kent (Reino Unido). Segundo Rossman, medidas adicionais de saúde pública ainda são necessárias e, sem elas, a chance de outra onda de infecções cresce –uma recomendação também defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A semana das vacinas
Na manhã de sexta-feira (26), 61,72 % da população brasileira tinham sido totalmente imunizados com esquema vacinal completo (131.649.449 pessoas). Outros 74,28% tomaram pelo menos a primeira dose da vacina (158.447.349 pessoas). A dose de reforço foi aplicada em 15.281.170 pessoas (7,16% da população).
No sábado, 20 de novembro, uma campanha nacional começou a estimular cerca de 21 milhões de pessoas que não retornaram aos postos de vacinação a tomar a segunda dose ou a dose de reforço. Na quinta-feira (25), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), recomendou a vacinação com a ComiRNAty (Pfizer/BioNTech) para crianças de 5 a 11 anos. A decisão não é unânime entre os médicos.
A EMA também começou a revisar os dados da vacina produzida pela Novavax, chamada de Nuvaxovid (também conhecida como NVX-CoV2373). A eficácia e a segurança do imunizante estão sendo avaliadas em cronograma acelerado. Uma decisão poderá ser emitida em semanas.
Ainda sem revisão por pares, estudo publicado em preprint avaliou a efetividade da primeira dose da vacina de Oxford/AstraZeneca produzida pela Fiocruz contra casos sintomáticos de covid-19 na população do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Hong Kong aprovou a vacina chinesa SVA.O (Sinovac Biotech) para crianças de 3 anos ou mais, com prioridade na vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos.
Novos antivirais contra o SARS-CoV-2
Na sexta-feira (26), a farmacêutica MSD solicitou à Anvisa autorização de uso emergencial para o antiviral molnupiravir. No início do mês, o medicamento foi aprovado no Reino Unido. Ele atua prevenindo a replicação do vírus no organismo. Resultados preliminares divulgados no início de outubro apontaram que os pacientes que receberam o molnupiravir até 5 dias após o início dos sintomas da infecção tiveram cerca de metade da taxa de hospitalização e morte em relação aos pacientes que receberam um comprimido inativo. Uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo oferece infográficos descrevendo como agem os novos remédios.
No Brasil, o Ministério da Saúde finalmente iniciou conversações com as farmacêuticas Pfizer e AstraZeneca para a reserva de novos medicamentos orais contra a covid-19, mas até o fechamento desta edição do resumo nenhum acordo havia sido anunciado. Muitos países já adquiriram previamente os novos medicamentos para reduzir o risco de hospitalizações e mortes.
Casos graves ligados ao envelhecimento do sistema imune
Publicado na revista científica Journal of Infectious Diseases, um estudo liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que os casos graves de covid-19 estão associados a um processo de envelhecimento do sistema imunológico. Analisando amostras de sangue de pacientes hospitalizados pela doença, os pesquisadores detectaram sinais de hiperatividade, exaustão e envelhecimento de células de defesa conhecidas como linfócitos T auxiliares. Segundo os cientistas, os dados indicam perda da capacidade de resposta dessas células na covid-19 grave, o que pode facilitar infecções secundárias e reinfecções.
Pulmão em riqueza de detalhes
Artigo recém-publicado no periódico Nature Methods destaca como a tomografia de contraste de fase hierárquica (HiP-CT, do inglês Hierarchical Phase-Contrast Tomography). A técnica de propagação de fase de raios X, que usa coerência espacial para realizar varreduras tridimensionais de órgãos extracorpóreos, pode oferecer aos médicos maiores detalhes sobre os processos da covid-19.
Brasileiro no time que investigará origens do SARS-CoV-2
O Dr. Carlos Médicis Morel será o representante do Brasil no comitê da OMS que pretende destrinchar a origem do SARS-CoV-2. Ele participará de reuniões semanais com o Scientific Advisory Group for the Origins on Novel Pathogens (SAGO). A primeira missão será avaliar de forma independente os achados que podem ajudar a explicar as origens do SARS CoV-2.
A covid-19 no mundo
O planeta alcançou 260.291.391 diagnósticos de infecção pelo novo coronavírus e 5.186.322 óbitos na manhã de 26 de novembro, segundo o Coronavírus Resource Center , da Johns Hopkins University (EUA).
Nas Américas, 880.583 novas infecções e mais de 15.000 mortes relacionadas à covid-19 foram relatadas na semana passada.
Na África, até o momento, foram registradas 8.690.000 infecções e 222.000 mortes desde o início da pandemia. O continente está relatando, atualmente, 1 milhão de novas infecções a cada 92 dias. Na África do Sul, o número médio de novas infecções reportadas mantém o nível de aumento por 10 dias consecutivos, provavelmente devido ao aparecimento da nova variante B.1.1.529. No país vizinho, Botswana, foram detectados quatro casos de infecções associadas à nova variante.
A Europa responde atualmente por mais da metade da média mundial de infecções nos últimos 28 dias, segundo o levantamento desta quinta-feira (25) da universidade americana Johns Hopkins.
No dia 26, pela rede social Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, aconselhou os governos a interromper as viagens a países da África Austral por causa da nova variante. Ela disse que é importante agir rápida e decisivamente.
No Reino Unido, o secretário de Estado britânico da Saúde, Sajid Javid, disse que todos os voos da África do Sul, Namíbia, Lesoto, Eswatini, Zimbábue e Botswana serão suspensos a partir desta sexta-feira (26). Além disso, um relatório concluiu que o governo não estava "totalmente preparado" para os "impactos abrangentes" que a covid-19 produziu na sociedade, na economia e nos serviços públicos essenciais. Verificou-se que faltavam planos detalhados de blindagem, esquemas de apoio ao trabalho e interrupção das aulas nas escolas. Além disso, exercícios de simulação anteriores que teriam ajudado nos preparativos da covid-19 "não foram totalmente implementados", de acordo com o National Audit Office (NAO). E há mais correções de rota: a British Medical Association (BMA) pediu uma ampla avaliação em todo o sistema de saúde depois que o governo ordenou uma revisão para investigar se os dispositivos médicos eram igualmente eficazes, independentemente da raça/etnia do paciente.
Os casos de covid-19 aumentaram para cerca de 42.500 por dia, a uma taxa de 427,6 por 100.000 habitantes. O número de óbitos diminuiu 5,5% e houve redução de 9,5% nas internações. Até o dia 24, 80,3% dos maiores de 12 anos foram totalmente vacinados e 27,2% receberam uma terceira dose de vacina ou reforço.
Como outros países, a França está suspendendo as chegadas da África Austral após a descoberta da nova variante B.1.1.529. No dia 22, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, teve diagnóstico positivo para o vírus SARS-CoV-2 depois que uma de suas filhas, de 11 anos, testou positivo mais cedo no mesmo dia. Mais de 6.000 salas de aula estão fechadas, segundo informou o ministro da Educação Nacional, Jean-Michel Blanquer, à Assembleia Nacional na terça-feira (23). Na quarta-feira (24), foram identificados 32.591 novos casos em 24 horas, 83% a mais do que na semana passada. A taxa de incidência é de 190,83 novas infecções por 100.000 habitantes. A taxa de replicação do vírus está em 1,44. As admissões em cuidados intensivos aumentaram 37% ao longo de sete dias. Mais de 75% da população em geral recebeu um esquema de vacinação completo.
O ministro da Saúde, Olivier Véran, anunciou novas medidas para limitar a propagação da epidemia: volta do uso obrigatório de máscara nos estabelecimentos abertos ao público e ao ar livre – em caso de elevada densidade populacional –, limitação da validade dos testes PCR a 24 horas (em vez de 72 horas), dose de reforço a partir dos 18 anos com um tempo reduzido para cinco meses após a segunda dose.
Pela primeira vez desde o início da pandemia, a Alemanha ultrapassou a marca de 400 novas infecções por 100 mil habitantes. Na quarta-feira (24), a taxa de incidência estava em 404,5 de acordo com o Robert Koch Institute (RKI). No dia anterior o valor havia sido 399. Na semana anterior o valor foi 319, e no mês anterior, 106. O número de novas infecções por dia foi de 66.884 na quarta-feira (24).
Medidas mais rígidas entraram em vigor durante esta semana. A partir do dia 24, profissionais que atuam em instalações de saúde (hospitais, postos, clinicas e consultórios) e acompanhantes de pós-operatório, por exemplo, devem apresentar teste de antígeno diário, independentemente de terem sido vacinados ou recuperados da infecção por SARS-CoV-3. Pacientes estão isentos. Isso é prescrito pela nova Lei de Proteção contra Infecções. Há opção de fazer dois testes PCR por semana. A Comissão Permanente de Vacinação (Stiko) deve decidir até o final de dezembro se a vacinação contra a covid-19 será recomendada para crianças a partir de cinco anos.
Na quinta-feira (25), Portugal voltou a impor medidas para conter o contágio pelo vírus SARS-CoV-2. Os casos aumentam no país mesmo com 87% da população vacinada. A partir de 1º de dezembro, as máscaras voltam a ser exigidas em ambientes fechados, o passaporte sanitário será obrigatório em restaurantes e hotéis e o governo sugere o trabalho remoto. O exame negativo para o novo coronavírus será necessário em eventos culturais ou esportivos, para visitar residências de idosos ou entrar em bares e boates. Além disso, as últimas semanas em Portugal foram marcadas por demissões coletivas de médicos de grandes hospitais públicos. Profissionais alegam más condições de trabalho.
Entre 21 e 22 de novembro, o país registrou 1.475 novos casos e 18 mortes – a maioria dos indivíduos com mais de 80 anos de idade. É o maior número de óbitos diários registrados desde 8 de agosto. A incidência em nível nacional voltou a apresentar aumento significativo, atingindo 228,9 casos por 100 mil habitantes, enquanto a taxa de transmissibilidade (Rt) subiu para 1,19. Na semana passada, era de 191,2 casos por 100.000 habitantes, com Rt de 1,17, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Na Itália, diante do aumento de casos, o governo decidiu que indivíduos não vacinados não terão mais acesso a restaurantes, bares, cinemas, teatros, boates e academias de musculação. Além disso, desde quarta-feira, todos os italianos com mais de 40 anos podem receber o reforço cinco meses após a segunda dose. Os maiores de 18 anos podem receber essa dose a partir de 1º de dezembro. Por causa da nova variante B.1.1.529, o país também vai proibir a entrada em seu território de quem esteve na África Austral "durante os últimos 14 dias", anunciou na sexta-feira (26) o ministro da Saúde, Roberto Speranza.
Na Espanha, o Ministério da Saúde e os governos regionais se reuniram na quarta-feira (24) para discutir a implementação do Passaporte Covid. A exigência do certificado para acesso a restaurantes e outros locais de entretenimento está ganhando força. Na terça-feira (23), o país registrou 6.777 novas infecções e 34 mortes. A incidência aumentou 7 pontos e chegou a 139 casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias. A Comissão de Saúde Pública aprovou no dia 23 a administração da terceira dose a pessoas acima de 60 anos, aos profissionais de saúde e de assistência social.
Segundo dados oficiais, a incidência da doença entre vacinados na semana passada foi de 23 por 100.000 habitantes, enquanto nos não vacinados subiu para 181,5 por 100.000 habitantes. Até o momento, mais de 37,5 milhões de pessoas (79,2% da população) receberam o esquema vacinal anticovídico completo e 38,2 milhões (80,6% da população) receberam pelo menos uma dose.
A Rússia contabiliza mais de 9,4 milhões de casos e 267.819 mortes desde o início da pandemia, segundo dados oficiais, e seria o quinto país mais afetado do mundo. Na quarta-feira (24), médicos russos de prestígio convidaram celebridades e políticos que se opõem às vacinas para visitar hospitais que tratam pacientes com covid-19, a fim de ver os efeitos da doença com seus próprios olhos.
As novas infecções diárias por SARS-CoV-2 na Coreia do Sul ultrapassaram a marca de 4.000 pela primeira vez desde o início da pandemia. A maioria dos 4.116 casos relatados no dia 24 foram em Seul e na região metropolitana adjacente.
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Citar este artigo: Covid-19: Resumo da semana (20 a 26 de novembro) - Medscape - 26 de novembro de 2021.