Variante Delta se espalha em Portugal e puxa nova onda de covid-19 no país

Giuliana Miranda

Notificação

28 de junho de 2021

Nota da editora: Veja as últimas notícias e orientações sobre a covid-19 em nosso Centro de Informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-2. .

Lisboa — A variante Delta do SARS-CoV-2, identificada primeiro na Índia, está a se espalhar com velocidade em Portugal, que vive agora uma nova alta de casos de covid-19. Em 16 de junho, o país, que tem cerca de 10 milhões de habitantes, voltou a ultrapassar a marca de 1.000 novos casos diários de infecção pelo vírus. As 1.350 infeções registadas representam o maior valor em 24 horas desde o fim de fevereiro.

Mais de dois terços dos casos foram registrados na região de Lisboa, que também concentra a maior parte dos casos da variante Delta.

O aumento dos casos já se reflete na rede hospitalar, com dilatação na quantidade de internações hospitalares e em unidades de terapia intensiva (UTI).

No maior hospital de Portugal, o Santa Maria, em Lisboa, a administração acaba de reforçar a oferta de leitos de enfermaria e UTI para pacientes com covid-19.

Os dados oficiais sobre a vigilância das variantes genéticas do SARS-CoV-2 ainda não foram tornados públicos, mas as autoridades de saúde adiantaram à imprensa portuguesa alguns resultados mais recentes.

Reportagem do Jornal i indica que a variante Delta já é responsável por mais de 50% dos casos em Lisboa e que está se espalhando para o resto do país. O ritmo de contágio vem sendo expressivo; os últimos dados oficiais publicados no fim de maio indicavam que a variante era responsável por 4,8% das infeções no país.

O aumento da prevalência dessa variante – mais especificamente, de uma mutação da Delta original, identificada inicialmente no Nepal – motivou o governo do Reino Unido a retirar Portugal da lista verde de países no começo de junho, obrigando os britânicos a realizarem 14 dias de quarentena após retornarem do território luso. Também por conta da variante Delta, os britânicos anunciaram um atraso de um mês no plano de desconfinamento do Estado.

Em Portugal, o plano de reabertura segue critérios regionais e continua em vigor, mesmo com o aumento da prevalência da nova cepa. O incremento dos casos na região de Lisboa, no entanto, já impediu que a capital avançasse, junto com o resto do país, para a última fase do desconfinamento.

Como a quantidade de casos segue em ascensão e ultrapassou o limite definido pelo governo, de 240 novos casos por 100 mil habitantes (em uma semana), Lisboa deve ser obrigada a retroceder uma etapa de restrições.

Com referência explícita à variante Delta, o governo anunciou, em 17 de junho, a proibição de entrada e saída da área metropolitana de Lisboa durante o fim de semana de 19 e 20 de junho. A medida visou reduzir a disseminação do vírus para outras partes do país. "Aparentemente, há uma prevalência maior da variante Delta neste território e também na região do Alentejo. Aguardamos mais dados do trabalho de sequenciação que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge faz. É difícil a explicação e tomada destas medidas, mas é uma condição que nos pareceu fundamental neste momento para não fazer alastrar a todo o país a situação que vive em Lisboa", afirmou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva

Alguns especialistas já falam em uma quarta onda de covid-19 em Portugal. "Na prática, já estamos numa quarta onda pandémica, porque a fase que estamos a viver já está com uma amplitude e um comprimento semelhante à onda de março do ano passado, que se estendeu até maio", afirmou o professor Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em entrevista ao Diário de Notícias.

Na avaliação do Dr. Carlos Robalo Cordeiro, pneumologista e membro do gabinete de crise da Ordem dos Médicos de Portugal, a situação de Lisboa é preocupante. "Há fatores que formam um verdadeiro cocktail explosivo e se o contágio continuar a aumentar da forma como está agora, contamina-se o país todo", avaliou.

A situação de controle da pandemia em Portugal variou bastante ao longo dos últimos meses. Considerado um bom exemplo de gestão da covid-19 em 2020, Portugal viu a situação sair de controle em janeiro de 2021. O aumento da circulação da variante B.117, identificada primeiro no Reino Unido, e a retirada temporária de restrições de aglomeração e circulação para o feriado de Natal, foram apontados por especialistas como uma combinação explosiva para o descontrole. Sobrecarregados, os hospitais portugueses estiveram muito próximos do limite. O país chegou, inclusive, a pedir ajuda a outros países da União Europeia. Após um extenso lockdown, que vigorou de meados de janeiro até abril, o país conseguiu derrubar os números da doença.

O país corre agora para ampliar a vacinação. Mais de 45% da população já recebeu ao menos uma dose da vacina e 23,8% têm a imunização completa. A meta do governo é chegar a 70% de cobertura vacinal até setembro.

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