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Nesta sexta-feira (11), o Brasil se aproximou mais um pouco da trágica marca de meio milhão de mortos por covid-19. Até o momento, foram 482.135 vidas ceifadas pela doença, causada pelo vírus SARS-CoV-2, desde o início da pandemia. O país também contabiliza 17.215.159 diagnósticos positivos confirmados para o novo coronavírus. Os números são do consórcio de veículos de imprensa que monitora a pandemia, formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL.
Na quinta-feira (10), a média móvel de mortes em sete dias foi de 1.764. O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na quarta-feira (9), alertou para um cenário de alto risco da pandemia, com a permanência de elevado nível de transmissão do vírus. A combinação do número alto de casos com uma ligeira queda no número de óbitos, e a maior parte dos estados com alta taxa de ocupação em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) de covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) preocupa.
“Ainda é prematuro considerar que há uma queda sustentável de casos e óbitos ou que estamos entrando em uma terceira onda”, observam os pesquisadores. Para eles, há necessidade de combinar medidas de enfrentamento da pandemia nas próximas semanas, até que a maior parte da população esteja vacinada. Com exceção do bloqueio/lockdown (a ser adotado por estados e municípios com taxas de ocupação de UTI de 85% ou mais), devem ser implementadas medidas não-farmacológicas, com o objetivo reduzir a propagação do vírus, aliadas a medidas relacionadas ao sistema de saúde. A meta é aliviar a sobrecarga dos serviços e reduzir a mortalidade hospitalar por covid-19, por falta de assistência, e mesmo por outras doenças, bem como garantir o suprimento de insumos fundamentais ao atendimento. Além disso, há necessidade políticas e ações sociais com objetivo de mitigar os impactos sociais e sanitários da pandemia, principalmente para populações e grupos mais vulneráveis”.
Na contramão das preocupações dos especialistas, na noite do dia 10, o presidente da República disse, durante cerimônia no Ministério do Turismo, que mandou o ministro a Saúde, Dr. Marcelo Queiroga, elaborar uma medida de desobrigação do uso de máscaras para pessoas vacinadas ou recuperadas de covid. O anúncio provocou indignação em especialistas em todo o país. O ministro, em vídeo gravado por sua assessoria, disse que o presidente se confundiu.
Em reportagem publicada no dia 6 de junho, o jornal Folha de S. Paulo relatou a transferência de pacientes do Mato Grosso do Sul para São Paulo devido à falta de leito de terapia intensiva. A fila de espera por uma vaga nos hospitais em MS chega 251 pessoas, e pacientes já haviam sido levados para Rondônia. Uma outra reportagem, publicada no dia 9, apontou 10 capitais brasileiras com taxa de ocupação de leitos de covid-19 em terapia intensiva acima de 90%.
Na segunda-feira (7), o ministro Marcelo Queiroga disse que está negociando a compra de 100 milhões de vacinas da Moderna. A vacina foi aprovada pelas agências reguladoras dos Estados Unidos e Europa, mas até o momento a companhia norte-americana não solicitou autorização de uso emergencial à Anvisa.
Proteção contra as variantes
A vacina anticovídica produzida por Pfizer/BioNTech protege menos contra a variante Delta, conhecida como B.1.617.2 e inicialmente identificada na Índia, de acordo com um novo estudo publicado dia 3 de junho no periódico The Lancet. Os níveis de anticorpos também parecem ser mais baixos em pessoas mais velhas e diminuir com o tempo, sugerindo que alguns indivíduos poderão precisar de dose de reforço no próximo outono do hemisfério Norte.
A semana das vacinas
Até a noite de quinta-feira (10), a primeira dose de uma vacina anticovídica havia chegado ao braço de 24,93% da população brasileira, o equivalente a 52.790.945 pessoas. O grupo que recebeu as duas doses de uma vacina contra a covid-19 representa 11,11%, da população (23.520.981 pessoas) até a data. Ainda que lentamente, a maior parte das capitais já vacina pessoas com menos de 60 anos sem comorbidades.
Um levantamento feito pelo consórcio que monitora a pandemia apontou que 944.016 pessoas tomaram a primeira dose em 24 horas e 102.656 receberam a segunda dose em 24 horas entre os dias 9 e 10.
No final da tarde da sexta-feira (4), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou que estados brasileiros importem as vacinas anticovídicas russa Sputnik V, e indiana Covaxin, mas impôs condições para a dispensação do produto em território nacional. As doses deverão ser administradas em condições controladas, somente em adultos saudáveis, e sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Além disso, a agência estabeleceu condições para a importação da vacina produzida pelo Gamaleya Research Institute, de Moscou. Entre elas, obrigação de análise lote a lote que comprove ausência de vírus replicantes e outras características de qualidade e a utilização apenas na imunização de indivíduos adultos ≥ 18 anos e < 60 anos. Leia mais.
Na quarta-feira (9), o estado de São Paulo informou que antecipará em 15 dias a vacinação de todas as pessoas acima de 18 anos e não pertencem a nenhum grupo prioritário. Na quinta-feira (10), o estado começou a vacinar gestantes e puérperas sem comorbidades, com mais de 18 anos, e pessoas com deficiência física permanente (sensorial, física ou intelectual) com os imunizantes CoronaVac e Pfizer/BioNTech. A estimativa é vacinar 1,4 milhão de pessoas pertencentes a esses grupos. Trabalhadores da educação básica de 18 a 44 anos começaram a ser vacinados nesta sexta (11).
No dia 10, o Ministério da Saúde reduziu novamente a previsão de entrega de vacinas em julho. No terceiro ajuste em três semanas, a quantidade esperada caiu para 37,9 milhões de doses, com dois milhões de doses a menos. A justificativa é o atraso das doses a serem entregues pela iniciativa COVAX Facility, gerida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, vale registrar que o Brasil não foi incluído na lista de 92 países de baixa renda que receberão a doação de 500 milhões de vacinas de Pfizer/BioNTech anunciada pelos Estados Unidos.
E mais: a agência reguladora FDA, dos Estados Unidos, ampliou de três para quatro meses e meio o prazo de validade do imunizante produzido por Janssen/Johnson&Johnson. No Brasil, o aumento do prazo de validade precisa ser aprovado pela Anvisa. Três milhões de doses desta vacina chegarão ao país na próxima semana e deverão ser ministradas, a princípio, até o dia 27 de junho.
Na quarta-feira (9), a Anvisa autorizou o início dos testes clínicos com a vacina ButanVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante será produzido com insumos farmacêuticos ativos (IFA) 100% nacionais.
Perfil mais jovem
O hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), maior centro de saúde exclusivamente pediátrico no país, registrou na segunda-feira (7) a internação de 22 crianças e adolescentes com covid-19, sendo sete diretamente em terapia intensiva. É o maior número desde o início da pandemia.
O impacto da vacinação em massa
Publicado pelo periódico Nature Medicine no dia 10, um estudo avaliou o impacto da imunização em massa da população no período em que indivíduos com menos de 16 anos não foram vacinados. Os pesquisadores observaram que, em média, para cada 20 pontos percentuais de indivíduos vacinados na faixa etária entre 16 e 50 anos, a fração de teste positivo para a população não vacinada abaixo de 16 anos diminuiu aproximadamente duas vezes.
A pandemia no mundo
O total de diagnósticos de infecção pelo novo coronavírus no mundo na sexta-feira (11) foi de 174.930.338 casos desde o início da pandemia. As mortes por covid-19 chegaram a 3.774.965, de acordo com o monitor Coronavirus Resource Center , da Johns Hopkins University (EUA).
Na América Latina, análise apontou o impacto negativo que a pandemia teve no atendimento ao paciente com câncer: atrasos no diagnóstico oportuno, redução dos procedimentos cirúrgicos e absenteísmo de pacientes. Além disso, a desigualdade no acesso às vacinas continua causando estragos. O presidente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) afirmou que pode levar anos para controlar a pandemia na região. Os casos estão aumentando na Bolívia, Colômbia, Argentina, Uruguai, Peru, Haiti, Trinidad e Tobago. No Chile, nem mesmo a vacinação acelerada está conseguindo conter o aumento do contágio.
O governo do Peru fez uma revisão dos dados sobre o número de mortes relacionadas à covid-19. O número atualizado é quase o triplo do que foi relatado anteriormente, tornando o Peru a nação com a maior taxa de mortalidade.
Em Portugal, desde o início de maio, Lisboa e o Vale do Tejo têm registrado uma tendência ascendente nos casos de covid-19. Por isso, autoridades e especialistas estão reforçando os apelos para o cumprimento de medidas de proteção, como uso de máscara e distância física. O aumento dos casos ocorre principalmente nas faixas etárias mais jovens. De acordo com a Direcção-Geral da Saúde (DGS), o Rt subiu a nível nacional para 1,07 (era de 1,05) e a incidência da doença para 79,3 casos por 100 mil habitantes (era de 74,8). Cerca de 39% da população portuguesa receberam uma dose de vacina anticovídica (o equivalente a 3.986.585 pessoas) e 23% já foram totalmente imunizadas (2.315.000 pessoas). Além disso, até o dia 6, cerca de 97% dos portugueses com mais de 80 anos, uma das faixas etárias com maior mortalidade pela doença, tomaram pelo menos uma dose da vacina, e 92% desta população estavam totalmente vacinados.
No Reino Unido, pessoas com 25 anos ou mais estão sendo vacinadas na Inglaterra, mas 10% da população se encontram sob novas restrições para ajudar a conter a propagação da variante Delta. Isso pode atrasar os planos de reabertura do primeiro-ministro Boris Johnson a partir de 21 de junho. Em uma pesquisa feita com leitores do Medscape no Reino Unido (foram 565 respostas), 78% apoiaram a demora no levantamento das restrições. Houve uma corrida para que turistas britânicos voltassem de Portugal nas primeiras horas da manhã de segunda-feira para evitar a quarentena depois que o país foi tirado da lista 'verde' de viagens.
Na Alemanha, o número de casos ativos da infecção continua caindo: o Instituto Robert Koch relatou uma incidência em sete dias de 20,8 casos por 100 mil habitantes na quarta-feira, sendo que na semana anterior era de 36,8. Desde a segunda-feira (7), todos os indivíduos com mais de 12 anos podem ser vacinados, independentemente da lista de prioridades. Nesse ínterim, 46% das pessoas foram vacinadas pelo menos uma vez, 21,9% foram totalmente vacinadas, conforme relatado pelo Instituto Robert Koch.
A França viu sua taxa de incidência cair abaixo de 100 casos por 100 mil habitantes. O país está entrando em uma nova fase de suspensão das medidas restritivas. Desde 9 de junho o toque de recolher foi alterado para 23 horas, o trabalho presencial tornou-se mais flexível e cafés, bares e restaurantes podem acomodar seus clientes em ambientes fechados com capacidade limitada. Um conjunto de 31 casos da variante Delta foi detectado na região de Landes. Devido a esta situação em desenvolvimento, as autoridades pediram vigilância. Até o momento, cerca de 43% da população receberam a primeira dose e quase 20% tomaram duas doses. Uma enfermeira de um centro de vacinação de um grande hospital parisiense foi suspensa por tráfico de "certificados falsos de vacinação". No lado terapêutico, o acesso a terapias duplas de anticorpos monoclonais contra a covid-19 foi estendido a certas populações vulneráveis, em particular pacientes com HIV, crianças com mais de 12 anos em risco e pessoas frágeis.
Na Espanha, desde a semana passada, as infecções por covid-19 caíram quase 7% e a incidência em 14 dias caiu para menos de 100 casos por 100 mil habitantes. Existem atualmente 3.880 pacientes internados e 1.088 em UTI. Mais de 20 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina anticovídica. A ministra da Saúde, Carolina Darias, garantiu que o esquema de vacinação heteróloga "veio para ficar". Depois que um membro da seleção espanhola de futebol testou positivo para a covid-19, ganhou força o debate público se a Espanha deveria ou não priorizar a vacinação dos jogadores de futebol antes do campeonato europeu de futebol. Em 7 de junho, a Espanha começou a emitir o certificado digital da UE, popularmente conhecido como passaporte COVID, para os cidadãos que o solicitarem e atenderem aos requisitos. O passaporte entra em vigor em 1º de julho.
A incidência de novos casos continua diminuindo na Itália e agora está abaixo do limite de 50 novos casos em sete dias por 100 mil habitantes, o que convencionalmente define o nível de circulação do vírus que permite um rastreamento sistemático. No entanto, o número de testes também diminuiu. O índice Rt médio calculado nos casos sintomáticos é de 0,68 em comparação com 0,72 na semana passada, mas um monitoramento cuidadoso deve ser mantido para observar a tendência de disseminação da variante Alfa, agora prevalente. Boletim do último domingo (6 de junho) mostrou queda importante no número de pessoas internadas, com centenas de pacientes a menos nas unidades de terapia intensiva. A campanha de vacinação vem mantendo um ritmo constante e foi estendida aos adolescentes. Até 6 de junho, aproximadamente 24% da população com mais de 12 anos foram totalmente vacinados. As autoridades de saúde esperam que o entusiasmo demonstrado pelos jovens com a adoção da vacina seja um exemplo para as pessoas de 60 e 70 anos que parecem mais relutantes em receber o imunizante.
A vacinação nos Estados Unidos parece seguir lentamente, embora o presidente Biden tenha pedido “um mês de ação” para atingir 70% dos adultos com pelo menos uma dose da vacina até 4 de julho. Atualmente, o percentual está em 63,8%. De acordo com os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 50% dos americanos com 12 anos ou mais (a população elegível para ser vacinada) foram completamente vacinados. Casos e mortes caíram drasticamente no país, embora milhões permaneçam em risco sem terem sido vacinados.
Na terça-feira (8), o infectologista Dr. Anthony Fauci disse que 6% das infecções nos EUA são causadas pela variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia. Ele implorou aos americanos que tomem a vacina antes que essa cepa se firme no país.
O presidente Biden, que está participando da cúpula do G7 no Reino Unido nesta semana, disse que os Estados Unidos comprariam mais 500 milhões de doses da vacina de Pfizer/BioNTech e que as doaria ao resto do mundo. O governo dos EUA enviará 1 milhão de vacinas Janssen/Johnson& Johnson para o México. Essas doses serão administradas à população que vive na fronteira com os EUA. O México já recebeu um total de 44 milhões de doses de vacinas.
Na segunda-feira (7), após muitos problemas de abastecimento, a Tailândia iniciou seu aguardado programa de vacinação em massa durante a terceira e mais mortal onda de infecções pelo SARS-CoV-2 naquele país. O governo espera administrar 6 milhões de doses em junho com a ajuda de vacinas fabricadas localmente.
Os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein estão oferecendo vacinação de reforço Pfizer/BioNTech para aqueles que receberam duas doses da vacina Sinopharm. O Bahrein está atualmente em lockdown após um pico no número de casos.
Na Malásia, 9 mil infecções foram relatadas em um único dia, o maior número registrado até agora para o país que, em resposta, impôs um lockdown de duas semanas.
Na Índia, as cidades de Delhi e Mumbai estão diminuindo as restrições, já que os casos de coronavírus continuam caindo para menos de 100.000 novos casos, em comparação com 400.000 casos diários no pico em maio. A partir de 21 de junho, qualquer pessoa com mais de 18 anos poderá ser vacinada. Anteriormente, a vacinação livre estava permitida apenas para trabalhadores da linha de frente e para aqueles com mais de 45 anos. Até agora, apenas cerca de 5% dos indianos foram totalmente vacinados.
O Vietnã evitou com sucesso a propagação da covid-19 com esforços de vacinação. No entanto, o recente surto registrado em abril nas fábricas perto de Hanói tem sido difícil de conter, indicando a possibilidade de uma nova cepa. Um representante da OMS afirmou que a variante identificada no Vietnã não é um híbrido, mas a variante Delta com mutações adicionais, e precisará de monitoramento.
O Japão ainda está avançando com uma versão reduzida dos Jogos Olímpicos com início em 23 de julho, em meio a preocupações de cientistas e oposição pública. Os organizadores vacinarão os 70 mil funcionários olímpicos em meados de junho para manter os jogos em andamento e pretendem monitorar de perto os 6 mil jornalistas estrangeiros que serão instalados em hotéis designados. No entanto, Tóquio está atualmente em estado de emergência, que será suspenso em 20 de junho.
Esta semana a China se tornou o primeiro país a aprovar o uso da vacina produzida pela Sinovac, conhecida no Brasil pelo nome de CoronaVac, para crianças com idades entre 3 e 17 anos.
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Citar este artigo: Covid-19: Resumo da semana (5 a 11 de junho) - Medscape - 11 de junho de 2021.