Deficit de profissionais de saúde faz Portugal aventar ajuda internacional

Giuliana Miranda

Notificação

2 de fevereiro de 2021

Nota da editora: Veja as últimas notícias e orientações sobre a covid-19 em nosso Centro de Informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-2.

Lisboa – O agravamento da situação da pandemia da covid-19 em Portugal deixou o Sistema Nacional de Saúde (SNS) tão sobrecarregado que as autoridades já admitem a possibilidade de pedir ajuda internacional para controlar a situação.

"O governo português está a acionar todos os mecanismos de que dispõe, designadamente no quadro internacional, para garantir que presta a melhor assistência aos utentes", afirmou ministra da saúde Marta Temido, em entrevista à emissora pública portuguesa RTP.

Considerado um exemplo de sucesso nos primeiros meses de combate ao novo coronavírus, Portugal viu a própria situação epidemiológica rapidamente se deteriorar em janeiro. Nas últimas duas semanas de janeiro, esteve na primeira posição mundial em número de novos casos e de novas mortes por milhão de habitante.

Segundo informações do jornal português Expresso, os contactos com outros países europeus já começaram, mas ainda não houve confirmação oficial do governo.

Embora o país tenha conseguido abrir mais vagas em enfermarias e nas unidades de cuidados intensivos, há um gargalo que impede a ampliação da capacidade real de atendimento: a falta de profissionais de saúde.

Desde março, o país tenta atrair, sem sucesso, mais médicos e enfermeiros para o combate à pandemia.

Caso o pedido de ajuda internacional seja formalizado, há essencialmente dois caminhos a seguir: a transferência de doentes portugueses para hospitais de outros países europeus ou a chegada de profissionais de saúde de outros estados-membros da União Europeia.

Cooperação em assuntos de saúde pública é um tema previsto na UE, mas ainda há dificuldades logísticas no assunto.

A localização territorial de Portugal, que só tem fronteiras terrestres com a Espanha, limita bastante as opções em termos de transporte terrestre de passageiros. Cidades portuguesas próximas à fronteira, no Norte e no Alentejo, levariam vantagem.

Além da dificuldade de remoção de doentes, existe a questão de afastamento territorial dos pacientes, que podem ficar internados por longos períodos longe de casa e da família.

Embora mais simples do ponto de vista técnico, a chegada de médicos e enfermeiros estrangeiros enfrenta entraves burocráticos à contratação dos profissionais. Mais complexo ainda é o tema da diferença linguística.

Hospitais no limite

Enquanto a ajuda internacional não é formalizada, os hospitais portugueses seguem sob pressão. No maior do país, o Santa Maria, em Lisboa, as filas de ambulância tornaram-se a nova realidade.

Na última sexta-feira (29) pela manhã, eram 33 viaturas médicas aguardando triagem.

O uso intensivo do sistema de oxigênio também já causa problemas. Em 26 de janeiro, o hospital Amadora-Sintra, um dos mais sobrecarregados da Área Metropolitana da capital, precisou transferir mais de 70 pacientes devido a uma falha na distribuição de oxigênio.

O uso intensivo da rede de oxigênio em outros hospitais já causa apreensão entre os profissionais de saúde de todo o país.

Até 29 de janeiro, Portugal registava 698.583 casos confirmados de infecção por SARS-CoV-2 e 11.886 mortes por covid-19.

Siga o Medscape em português no Facebook, no Twitter e no YouTube

Comente

3090D553-9492-4563-8681-AD288FA52ACE
Comentários são moderados. Veja os nossos Termos de Uso

processing....