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O Brasil registrou 8.326.115 diagnósticos confirmados e 207.160 mortes por covid-19 na manhã da sexta-feira (15). Foi o terceiro dia consecutivo com mais de mil mortes, com 1.151 vidas perdidas nas últimas 24 horas. A informação foi gerada por um levantamento diário dos dados divulgados pelas secretarias estaduais de saúde, que está sendo feito pelo consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. O país é o terceiro em casos no mundo e o segundo em número de mortes pela doença.
O estado do Amazonas vive novamente uma tragédia humanitária. A nova onda de casos levou ao fim do estoque de oxigênio em vários hospitais na madrugada da quinta-feira (14) e à morte de pacientes por asfixia. O governo estadual informou um aumento acima de 150% na quantidade de metros cúbicos utilizada diariamente. Há filas de mais de 500 pessoas à espera de leitos. Profissionais da saúde tentavam ventilar manualmente os pacientes. Enquanto são montados hospitais de campanha, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) transportam pacientes para serem atendidos em outros cinco estados e no Distrito Federal, mas há os que não conseguem embarcar porque podem não suportar a viagem. A meta na sexta-feira (14) era transferir 750 pacientes. O país tenta comprar cilindros de oxigênio da Venezuela. O governo estadual decretou toque de recolher entre 19h e 6h na capital Manaus.
O surgimento de novas cepas com maior número de mutações é uma preocupação mundial. No dia 12, a Fiocruz publicou uma nota técnica sobre a nova variante do vírus SARS-CoV-2, confirmando sua origem. O estudo sugere que as cepas identificadas em viajantes japoneses que passaram pela região evoluíram de uma linhagem viral no Brasil que circula no Amazonas. Em reportagem especial, o Medscape aprofundou o tema em reportagem a partir de um caso de reinfecção identificado na Bahia por uma das novas variantes. A detecção traz à tona o temor de que o vírus possa resistir à resposta imunitária formada em infecções anteriores e também às vacinas disponíveis ou em desenvolvimento.
Pesquisa feita pelo SindHosp, entidade que representa hospitais privados de São Paulo, e divulgada nesta sexta-feira apontou que 86% tiveram aumento de internações por covid-19 nos últimos 10 dias. Sete em cada 10 hospitais particulares paulistas têm centros de terapia intensiva (CTI) com ocupação superior a 71%. A alta de internações e mortes é considerada um reflexo das festas de final de ano, mas a disseminação mais rápida pode ter associação com novas variantes do vírus, entre elas, a linhagem P1, surgida em Manaus, que pode ter capacidade de transmissão em grande escala e até de ser resistente à imunidade prévia.
A semana das vacinas
No dia 12, o governo de São Paulo e o Instituto Butantan informaram que a eficácia global da CoronaVac é de 50,38%, segundo testes feitos no Brasil. O anúncio foi feito após pressão da comunidade científica por ter divulgado dados parciais.
Está prevista para o domingo (17), uma reunião da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para decidir sobre a aprovação do uso emergencial para as vacinas CoronaVac (Sinovac/Butantan) e ChAdOx1 nCov-19 (Oxford/AstraZeneca). No dia 14, a Anvisa solicitou dados complementares ao Instituto Butantan e à Fiocruz. Na sexta, a agência informou que ainda não tinha todos os documentos.
A população aguarda ansiosa o início da vacinação, alvo de incertezas sobre datas e quanto à quantidade de doses a que o país realmente terá acesso. O governador de São Paulo João Doria, que havia anunciado o início da vacinação para o dia do aniversário da cidade, 25 de janeiro, afirmou que isso poderá ocorrer logo depois da aprovação do imunizante pela Anvisa. O ministério da Saúde anunciou o início da vacinação para o dia 20 em todas as regiões do país. Um dia antes deve ocorrer uma cerimônia no Palácio do Planalto com a participação do presidente da República, que há meses adverte que não vai se vacinar. Mas isso pode mudar porque para vacinar é preciso, antes de mais nada, ter vacinas disponíveis.
Há muitas dúvidas sobre a quantidade de imunizantes e qual será o plano de vacinação nacional. A compra de um lote de 2 milhões de doses é a principal aposta do governo federal para iniciar a vacinação na próxima semana, como foi anunciado pelo ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Ao longo da semana, houve muita especulação sobre os motivos pelos quais o avião brasileiro que vai buscar as vacinas em Mumbai, na Índia, não teria decolado no dia 12, como previsto. Nesta sexta, o jornal Folha de S. Paulo informou que a partida não ocorreu porque as autoridades indianas ainda não autorizaram a venda. O ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo telefonou ao chanceler indiano na noite de quinta (14) para que a situação seja resolvida nos próximos dias.
Segundo o MS, a vacina será distribuída aos estados em até cinco dias após ser aprovada pela Anvisa e o início da vacinação será feito “de forma simultânea” em todo o país, de acordo com Pazuello. O governo federal enfrenta a falta de seringas e agulhas para a vacinação.
Panorama mundial
Na manhã de 15 de janeiro, o mundo registrou 93.240.925 casos confirmados e 1.997.095 óbitos por covid-19, de acordo com o monitor Coronavírus Resource Center da Johns Hopkins University.
Na sexta (15), Portugal contabilizou 528.469 casos diagnosticados e 8.543 mortes desde o início da pandemia. O país entrou em novo confinamento geral nesta sexta-feira. A regra é ficar em casa. Escolas mantêm o ensino presencial. As medidas serão válidas até o final de janeiro. Mais de 70.000 já foram vacinados em Portugal Continental, segundo o governo.
Os Estados Unidos relataram mais de 100.000 hospitalizações por covid-19 durante 40 dias e continuam a bater recordes em mortes, aproximando-se rapidamente dos 400.000 óbitos. Médicos em pequenas clínicas relatam que só agora estão sendo vacinados e recebendo vacinas para seus pacientes.
No Reino Unido, continua forte a pressão sobre os hospitais. Em Londres, um hospital precisou fazer racionamento do oxigênio para pacientes. As mortes por covid-19 no prazo de 28 dias após o teste positivo superaram o marco de 80.000 no final de semana. Sete centros de vacinação em massa foram abertos e trabalham conjunto com os serviços de cuidados primários e de vacinação hospitalar. Até terça-feira, 2,4 milhões de primeiras doses do imunizante da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca foram entregues.
A Espanha atingiu um novo pico de infecções, ultrapassando os 2 milhões de casos. Na quarta-feira (13), chegaram ao país as primeiras 37.500 doses da vacina da Moderna, que se somaram às 350.000 doses semanais da Pfizer/BioNTech. A Espanha já administrou 488.122 doses das 743.925 doses recebidas.
Relatório do Ministério da Saúde da Itália mostra que, após as férias de Natal, a taxa de transmissão (Rt) é superior a 1 em todas as regiões. Na Lombardia e na Sicília, a Rt está em torno de 1,25. Se a taxa se mantiver, as duas regiões passarão a ser consideradas "zonas vermelhas" (o nível mais elevado de bloqueio) a partir de segunda-feira (18). No dia 10, a Itália contou 23.427 pacientes hospitalizados, sendo 2.615 em terapia intensiva. A campanha de imunização teve início no dia 4. A Itália tem o maior número de pessoas vacinadas da Europa (871.152 até o dia 13). O plano de vacinação envolve, na primeira fase, profissionais de saúde e pacientes idosos em instituições de longa permanência.
Na França, após dificuldades no lançamento das campanhas de vacinação, 247.167 pessoas foram vacinadas até o dia 13 com o imunizante da Pfizer/BioNTech entre os grupos prioritários. Ao mesmo tempo, 50.000 doses da vacina da Moderna chegaram e começaram a ser distribuídas nas áreas mais afetadas pela epidemia. Embora o número de mortes diárias por covid-19 permaneça muito abaixo do observado nos países vizinhos, a preocupação cresce devido a um aumento do número de casos positivos (23.852 no dia 13) e à propagação da variante inglesa em território francês, que ainda está subestimada.
A Alemanha aproxima-se das 700.000 pessoas com pelo menos uma dose de vacina, com uma média de mais de 50.000 doses aplicadas por dia. Mas há ainda cerca de 20.000 novos casos diários, e mais de 1.000 mortes. Uma equipe de investigação alemã demonstrou que a hipertensão é um fator de risco independente para covid-19 grave, mas que os doentes com hipertensão tratada não estão em risco aumentado.
Israel tem a vacinação per capita mais rápida do mundo. O Ministério da Saúde informou que quase 20% da população receberam a primeira dose, incluindo mais de 72% de indivíduos acima de 60 anos de idade. O país começou a administrar doses de reforço no dia 10. Os Emirados Árabes Unidos ficaram em segundo lugar, tendo vacinado 10% da sua população.
Na África, vários países viram um aumento acentuado do número de casos de covid-19 nas últimas semanas, enquanto a variante sul-africana é motivo de preocupação.
Novo recurso para detectar covid-19 grave?
A pontuação baseada no hemograma pode predizer a gravidade da covid-19. Pesquisadores holandeses desenvolveram e validaram um sistema de pontuação para o prognóstico de covid-19 baseado no hemograma completo.
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Citar este artigo: Covid-19: Resumo da semana (9 a 15 de janeiro) - Medscape - 15 de janeiro de 2021.