Nota da editora: Veja as últimas notícias e orientações sobre a covid-19 em nosso Centro de Informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-2 .
A infecção pelo novo coronavírus pode ser transmitida, inclusive a partir de indivíduos assintomáticos, de formas variadas, envolvendo a disseminação por gotículas, sprays, dispersão aérea e compartilhamento de fômites.
Recentemente, o periódico The Journal of Infectious Diseases publicou um artigo original destacando o papel de enxaguantes bucais comercialmente disponíveis na inativação do SARS-CoV-2, exibindo resultados de um estudo in vitro.
Agora, na edição de janeiro de 2021, o mesmo periódico traz uma publicação brasileira avaliando o uso desses produtos em um protocolo de desinfecção de escovas de dente.
Conforme destacado pelos autores, "indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 apresentam cargas virais elevadas na saliva, nasofaringe e orofaringe", o que pode ocorrer mesmo em pessoas assintomáticas.
Considerando que as escovas de dente podem funcionar como reservatórios para microorganismos e favorecer a transmissão de doenças como a covid-19, os autores avaliam que a desinfecção das escovas seria importante para controlar a transmissão do vírus.
Assim, pesquisas in vitro avaliaram a inativação viral do SARS-CoV-2 com o uso de diversas soluções enxaguantes. Os resultados apontaram que soluções antissépticas contendo etanol e óleos essenciais, exemplificadas pela marca Listerine Cool Mint, apresentaram efeitos satisfatórios na redução da carga viral.
No entanto, ainda não existem estudos específicos avaliando a eficácia de diferentes soluções de enxaguantes bucais na desinfecção de escovas de dente, tampouco ensaios randomizados mostrando que o uso de tais soluções teria, na prática clínica, um papel protetor contra a transmissão da covid-19.
Protocolo de desinfecção
Conforme proposto pelos autores após uma revisão da bibliografia disponível sobre o tema, a desinfecção das escovas de dente deveria seguir os seguintes passos:
Lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool a 70%;
Desinfectar a superfície do cabo da escova de dentes com álcool a 70% por um minuto;
Escovar os dentes;
Lavar a escova e realizar nova desinfecção de sua superfície do cabo com álcool a 70% por um minuto;
Deixar a escova em imersão em uma solução com etanol e óleos essenciais por 20 minutos;
Armazenar a escova individualmente após deixá-la secar.
Segundo os autores, as etapas de desinfecção da escova de dentes com álcool a 70% são importantes quando o uso se der em ambientes coletivos, como em escolas ou no local de trabalho, podendo ser dispensadas no ambiente doméstico.
Outra observação importante é: escovas utilizadas por indivíduos sabidamente positivos para o SARS-CoV-2 devem ser imediatamente descartadas após o uso.
Nos estudos in vitro revisados para a elaboração do protocolo, foi possível observar uma redução satisfatória da carga viral com apenas 30 segundos de exposição à solução testada. Porém, é importante considerar que a escova de dentes tem nichos retentivos de microrganismos devido ao seu relevo e ao uso de pasta de dentes, por isso a recomendação de imersão por tempo mais prolongado.
Mais estudos necessários
"As escovas de dentes têm um papel essencial na higiene oral, mas também podem favorecer a transmissão de doenças em indivíduos saudáveis e doentes", escrevem os autores.
Embora a eficácia in vitro da solução de etanol e óleos essenciais, bem como a de soluções alternativas como iodopovidona, tenha sido demonstrada em mais de um estudo, ainda são necessárias mais pesquisas.
"Ensaios clínicos randomizados são necessários para verificar a efetividade dos enxaguantes orais na prevenção da disseminação do vírus, incluindo avaliação de desinfecção de escovas de dente", concluem os autores
Siga o Medscape em português no Facebook, no Twitter e no YouTube
Medscape Notícias Médicas © 2021 WebMD, LLC
Citar este artigo: Desinfecção da escova de dentes pode proteger contra covid-19 - Medscape - 8 de janeiro de 2021.
Comente