Temas mais buscados em agosto de 2020: Depressão ligada à covid-19

Ryan Syrek

14 de agosto de 2020

A cada semana nós identificamos um termo mais buscado, procuramos descobrir o que causou a sua popularidade e fazemos um infográfico sobre uma doença ou quadro clínico relacionado. Se você tiver alguma ideia sobre o que está sendo uma tendência e por que razão, compartilhe com a gente no Twitter ou Facebook !

Desde o assim chamado aumento "surpreendente" dos casos de depressão e ansiedade associados à covid-19, até um novo estudo que correlaciona essas alterações do humor à penetração do novo coronavírus no sistema nervoso central (SNC), a superposição entre saúde mental e pandemia ocupou o centro das atenções esta semana.

Novos dados de um exame de saúde mental voluntário feito on-line e divulgado pela Mental Health America (MHA), mostraram um forte aumento dos casos de depressão, ansiedade, psicose e tendências suicidas. No final de junho, mais de 169.000 participantes referiram ter depressão ou ansiedade de moderada a grave, em comparação aos participantes que fizeram o rastreamento antes da pandemia. Apenas em junho, mais 18.000 participantes foram considerados em risco de psicose.

Em um comunicado à imprensa, Paul Gionfriddo, presidente e CEO da MHA, disse: "O problema é maior do que qualquer um imaginava". Os problemas mais sérios foram observados nos adultos com menos de 25 anos. No rastreamento, cerca de 90% tiveram resultado positivo de depressão (de moderada a grave) e 80% de ansiedade (de moderada a grave).

Outro estudo, transverso, com mais de 100 adultos com covid-19 descobriu que a depressão e a ansiedade podem refletir a penetração do vírus no sistema nervoso central (ver infográfico abaixo). Os resultados sugerem que as alterações do humor podem indicar algo além de uma resposta emocional à doença. Os pesquisadores concluíram que a depressão e a ansiedade "podem ser indícios de desfechos mais sombrios da covid-19".

Os efeitos dessas alterações de humor e os problemas de saúde mental em longo prazo são particularmente preocupantes, pois um terço dos pacientes ambulatoriais com covid-19 ainda não está bem semanas depois. Segundo os resultados da pesquisa dos US Centers for Disease Control and Prevention, 35% dos adultos com infecção sintomática pelo coronavírus ainda não tinham retornado ao seu estado normal de bem-estar ao serem entrevistados de duas a três semanas após o teste. Quadros psiquiátricos como a depressão foram significativamente correlacionados à demora na recuperação.

Os estudantes universitários estão entre os muitos jovens apresentando aumentos importantes dos casos de depressão. Em uma pesquisa com alunos sobre a covid-19 e seu impacto na saúde mental, publicada nos últimos meses pela Active Minds, 91% dos alunos disseram ter estresse ou ansiedade, 81% estavam frustrados ou tristes, e 80% disseram se sentir solitários ou isolados.

Especialistas debateram recentemente uma "pandemia ecoante" de doença mental e suicídio que pode estar ocorrendo na esteira da covid-19. O Dr. Lorenzo Norris, médico e professor-assistente de psiquiatria e ciências comportamentais na George Washington University (EUA), descreveu a mistura de ameaças econômicas, sociais e sanitárias ocorrendo simultaneamente como sendo o equivalente a "ser atingido por um terremoto, um tsunami e pela fome ao mesmo tempo".

À medida que a pandemia continua, as preocupações com seus efeitos prolongados na saúde mental só aumentam. A ênfase nas alterações do humor, particularmente, trouxe a depressão ligada à covid-19 para o lugar do tema clínico mais popular desta semana.

Leia mais informações clínicas sobre a depressão.

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