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A prevalência de perda auditiva varia de 20% a 40% a partir de 50 anos de idade a > 80% a partir de 80 anos. A perda auditiva pode afetar negativamente a qualidade de vida e a independência das pessoas, aumentando o isolamento social e a disfunção emocional em idosos. As implicações dessa deficiência devem ser reconhecidas pelos profissionais de saúde. É, sem dúvida, um ponto básico para um eficiente atendimento geriátrico.
A pandemia de covid-19 nos obriga a atender os pacientes mantendo distanciamento físico e uso das máscaras. Obviamente, são obstáculos ao acesso das expressões faciais e dos movimentos labiais ─ importantes para a boa comunicação.
Esses obstáculos são maiores ainda para pessoas com deficiência auditiva.
Um artigo recente chamou atenção para este problema, enfatizando a necessidade de desenvolvimento de soluções práticas e simples, bem como de inovações tecnológicas que facilitem a comunicação entre a equipe de saúde e os pacientes. [1]
Os autores salientaram que as máscaras provavelmente serão obrigatórias por muito tempo. A Organização Mundial da Saúde observou que o uso de máscaras em ambientes de assistência médica representa potenciais danos e riscos, que devem ser considerados no cuidado de membros de várias populações, incluindo aqueles com deficiência auditiva.
Podemos contornar o problema? Vejamos algumas sugestões.
Inicialmente, devemos reconhecer o problema e permanecer atentos à possibilidade de deficiência auditiva. Como recomendado previamente à pandemia, devemos olhar para o paciente com atenção antes de falar, falar devagar, aumentar ligeiramente o volume da voz e verificar sempre se a nossa fala foi entendida. A falta de resposta adequada pode ser um sinal de dificuldade auditiva (ou cognitiva).
Máscaras com janelas transparentes, que permitem a leitura labial, podem atenuar o problema. São uma boa proposta, porém, infelizmente, esse equipamento tem um custo maior.
Escrever frases simples com caligrafia clara pode auxiliar. Porém, pacientes (ou cuidadores) acostumados com recursos tecnológicos podem utilizar aplicativos em celulares ou tablets que façam a transcrição da fala em tempo real. Vi um paciente utilizando um destes com rapidez e eficiência surpreendentes.
Outro recurso sugerido, que nunca tive a oportunidade de ver, é um amplificador pessoal que consiste em microfone, amplificador e fones de ouvido.
Mesmo as consultas por telemedicina, que ganharam muito espaço durante a pandemia, podem oferecer dificuldades para pacientes com deficiência auditiva. A legenda em tempo real é oferecida gratuitamente por algumas plataformas (utilizadas para reuniões corporativas virtuais) como Google Meet e Microsoft Teams.
Em ambientes de assistência médica, deveriam ser fornecidos serviços remotos de interpretação de linguagem de sinais (vídeo) e a remoção das máscaras, tanto dos profissionais como dos pacientes, deveria ser permitida.
Esses problemas devem ser resolvidos com urgência, pois bons resultados de assistência médica dependem de canais claros de comunicação, particularmente durante uma pandemia letal.
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Citar este artigo: Atendimento médico de longe e com máscara - Medscape - 13 de agosto de 2020.
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