Nota da editora: Veja as últimas notícias e orientações sobre a Covid-19 em nosso Centro de Informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-2 .
Pouco mais de quatro meses após o início da pandemia, o Brasil tem 1.453.369 casos confirmados e 60.713 mortos por covid-19, de acordo com o levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde. Em 24 horas, foram 1.057 mortes. No mundo, são 10.716.063 casos confirmados e mais 516.726 mortes, de acordo com o Coronavirus Resource Center da Johns Hopkins University.
Os Estados Unidos são o único país à frente do Brasil, com 2.686.587 casos confirmados e 128.062 mortes. Na terça-feira (30), os norte-americanos tiveram um recorde de novas infecções em um só dia, com 48 mil casos. Muitas localidades estão voltando atrás nas medidas de reabertura. A cidade de Nova York não pretende mais abrir restaurantes na próxima semana. Preocupado, o Dr. Anthony Fauci, pesquisador e especialista em doenças infectocontagiosas respeitado em todo o mundo, alertou que se as coisas seguirem como estão o país poderá ter mais de 100 mil casos diários.
Em Portugal, uma série de surtos de covid-19 coloca o país novamente em alerta. O governo atribui número de casos à testagem em massa, mas admite dificuldade de parar cadeias de transmissão. Na região de Lisboa, que concentra cerca de 80% dos novos casos no país, autoridades retrocederam algumas etapas no processo de reabertura do comércio e das atividades.
Enquanto isso a Europa aposta nos testes sorológicos para evitar a segunda onda do vírus, à medida que relaxa as restrições impostas por conta do SARS-CoV-2 (sigla do inglês, Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavírus 2). Muitos governos se digladiam para comprar testes sorológicos com o objetivo de descobrir quantos dos seus cidadãos foram infectados.
Voltando ao Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), o país teria entrado em um nível de estabilização das mortes, uma espécie de platô. A afirmação foi feita pelo secretário de Vigilância em Saúde do MS, Arnaldo Correia de Medeiros, durante entrevista coletiva em Brasília na última quarta-feira (1). Porém, o ministério também se diz preocupado com o aumento do número de casos nas últimas duas semanas. Pela décima semana consecutiva, a taxa de contágio mantém tendência de crescimento.
Em entrevista coletiva na quarta-feira (1), a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, alertou que a doença pode causar mais de 400.00 mortes em América Latina e Caribe, e que o pico ainda não chegou. A estimativa da Opas é que isso venha a ocorrer em agosto no Brasil.
Falhas nos dados e o peso desigualdade social
A premência por pesquisas sobre o novo coronavírus expôs fraquezas na validação de dados de saúde fornecidos por um número cada vez maior de empresas dos EUA. A retirada de estudos publicados pelos periódicos The Lancet e New England Journal of Medicine (NEJM) sobre a covid-19 devido a dados questionáveis deu mais destaque ao problema.
A desigualdade social fica cada vez mais evidente na pandemia. Na cidade de São Paulo, o percentual de pessoas infectadas pelo novo coronavírus nos bairros mais pobres é 2,5 vezes maior do que nos mais ricos. O dado foi gerado a partir da análise sorológica de 1.183 amostras de sangue recolhidas nos 96 distritos da capital paulista por Grupo Fleury, Instituto Semeia, IBOPE Inteligência e Todos pela Saúde. Haverá novas coletas para verificar a presença do novo coronavírus na cidade de São Paulo. O Os números mostraram prevalência 4,5 vezes maior entre as pessoas que não completaram o ensino fundamental (22,9%) do que as que concluíram o ensino superior (5,1%).
Vacinas no Brasil e no mundo
Na quarta-feira (1), as empresas BioNTech e Pfizer divulgaram que o imunobiológico no qual trabalham, designado pela sigla BNT162b1, foi bem tolerado na fase inicial de testes com humanos e demonstrou potencial para estimular a resposta imune.
No Brasil, começaram os testes com a vacina ChAdOx1 nCoV-19, desenvolvida pela Oxford University em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. Participarão dos ensaios clínicos 5 mil voluntários saudáveis com idades entre 18 e 55 anos. Também foi anunciado um acordo entre os desenvolvedores e a Fiocruz para compra de lotes e transferência de tecnologia deste imunizante. Haverá duas etapas de produção: 30,4 milhões de doses antes do término dos ensaios clínicos e transferência de tecnologia para a produção da vacina ser internalizada pela Fiocruz. Se a eficácia da vacina for comprovada, a segunda etapa estabelece a produção de mais 70 milhões de doses. A vacina da empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para início dos testes com 9.000 voluntários no Brasil.
Boas e más notícias
De acordo com um novo estudo, os pacientes oncológicos pediátricos não estão necessariamente em maior risco de morbimortalidade por covid-19 do que as crianças saudáveis. Os dados foram publicados on-line pelo JAMA Oncology.
Os primeiros oito pacientes com uma síndrome rara hiperinflamatória foram atendidos em meados de abril na unidade de tratamento intensivo (UTI) pediátrica do Evelina London Children's Hospital, no Reino Unido, acionando um alerta nacional. Desde então, casos continuam sendo notificados no mundo todo. Médicos acreditam que o problema está ligado à infecção pelo SARS-CoV-2.
Parto cesáreo: piores desfechos na covid-19
Em um grupo de 82 gestantes na Espanha, 41 (53%) tiveram parto vaginal e 37 (47%) parto cesáreo – 29 por indicação obstétrica e oito por sintomas de covid-19, sem outra indicação obstétrica. Segundo os especialistas, o parto cesáreo foi associado a desfechos maternos graves e deterioração clínica. Na opinião dos especialistas, o parto vaginal foi mais seguro para essas pacientes.
Mais sobre imunidade e o papel dos genes
Um novo estudo mostrou que a quantidade de anticorpos gerados para defender o organismo da covid-19 e sua eficácia variam amplamente. Em geral, o nível de anticorpos neutralizantes é baixo, mas o lado positivo é que também podem existir alguns superanticorpos monoclonais escondidos no plasma. Os achados foram publicados pelo periódico Nature. No Brasil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolve trabalho semelhante.
O que leva uma pessoa jovem saudável infectada pelo vírus SARS-CoV-2 a apresentar a forma mais grave da doença, lutando pela vida em ventilação mecânica enquanto outros são assintomáticos? E por que alguns não “pegam “o vírus? Estudos preliminares, que ainda não saíram nas publicações acadêmicas revisadas por pares (peer reviewed), sugerem que variações em um gene denominado HLA podem ter relevância no entendimento desses casos.
‘Fome de ar’ e aplicativo sobre ventilação
Dispneia grave em pacientes com covid-19 em ventilação mecânica pode causar trauma psicológico nos sobreviventes, afirmam especialistas. Resultante da sensação de dispneia aguda durante a ventilação de proteção pulmonar, a ‘fome de ar’ é um problema que exige conscientização e tratamento adequado, afirmam especialistas em terapia intensiva.
Lançado esta semana, o aplicativo gratuito COVID19VM dá acesso a algoritmos de decisão clínica e procedimentos críticos da ventilação mecânica invasiva, manejo de drogas e manobras de resgate, centrado na segurança dos pacientes e da equipe multiprofissional durante os cuidados intensivos na covid-19. A ferramenta está disponível para download gratuito em celulares com sistema operacional Android ( Google Play ) e em breve também será disponibilizado para IOS (Apple Store). O app foi criado pelo médico fisiatra Dr. Gilson Shinzato enquanto se recuperava da covid-19, em parceria com o analista de sistemas e desenvolvedor Pedro Nishi, da Equipe Atlantes, de Campo Grande (MS). O projeto teve supervisão, material técnico e validação do Dr. Carlos Carvalho e sua equipe da UTI Respiratória do Instituto do Coração (Incor) do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), e aval e apoio da Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo. Para habilitar, é necessário para cadastrar CRM, Crefito ou Coren.
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Citar este artigo: Covid-19: Resumo da semana (27 de junho a 3 de julho) - Medscape - 3 de julho de 2020.