Suplementação com vitamina D pode ajudar na depressão

Megan Brooks

Notificação

31 de maio de 2018

NOVA YORK — A suplementação com vitamina D pode ajudar a reduzir sintomas depressivos, mostram os resultados de uma meta-análise atualizada.

“As pessoas que tinham deficiência de vitamina D e depressão pareceram responder melhor à suplementação, mas houve alguma evidência de que a suplementação melhorou os sintomas depressivos em pessoas com um nível normal de vitamina D”, disse ao Medscape a Dra. Marissa Flaherty, do Departamento de Psiquiatria da University of Maryland School of Medicine, em Baltimore (EUA).

Globalmente, mais de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão. Ela é a principal causa de anos perdidos por incapacidade em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a prevalência geral de deficiência de vitamina D é de cerca de 42%, com a taxa mais alta observada em negros.

“No meu terceiro ano de residência, observei que muitos dos meus pacientes deprimidos tinham níveis muito baixos de vitamina D, e quando eu realizava a suplementação, os sintomas depressivos, particularmente a fadiga e os níveis de energia, melhoravam”, disse a Dra. Marissa.

Para melhor estudar o assunto, Dra. Marissa e colaboradores realizaram uma revisão sistemática e meta-análise de cinco ensaios clínicos randomizados publicados de 2011 a 2016 que avaliaram o efeito da suplementação com vitamina D (em relação à não suplementação) sobre sintomas depressivos, medidos pelo Inventário de Depressão de Beck e Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton.

O número de participantes nesses estudos variou de 40 a 746. O tipo e a via de suplementação de vitamina D variaram, assim como a duração de estudo (de três a 52 semanas) e os resultados. Por exemplo:

  • Um estudo de seis semanas publicado em 2011 não encontrou efeito da suplementação diária com 5000 UI de colecalciferol nas taxas de depressão em um grupo de adultos jovens saudáveis.

  • Um estudo de oito semanas publicado in 2013 observou que a suplementação diária com 1500 UI de vitamina D3 associada a 20 mg de fluoxetina foi superior à fluoxetina isoladamente no controle de sintomas depressivos em pacientes com transtorno depressivo maior (TDM).

  • Um estudo de três meses observou que duas injeções intramusculares de 150.000 ou 300.000 UI de vitamina D melhoraram as taxas de depressão em adultos deprimidos com deficiência de vitamina D.

  • Um estudo de oito semanas observou que a suplementação semanal com 50.000 UI de vitamina D oral melhorou as pontuações de depressão em pacientes com TDM.

  • Um estudo de 52 semanas observou que a suplementação semanal com 50.000 IU de vitamina D3 não reduziu significativamente os sintomas depressivos em pacientes deprimidos em diálise.

Na análise de dados combinados, Dra. Marissa e colaboradores observaram que a suplementação com vitamina D melhorou os sintomas depressivos, com um tamanho de efeito geral médio (diferença média padronizada 0,495; intervalo de confiança, IC, de 95%, 0,190 – 0,801; P = 0,0001).

Acho que todos os médicos deveriam checar os níveis de vitamina D e realizar suplementação quando necessário. Dra. Marissa Flaherty

"Houve certa heterogeneidade em alguns dos estudos, mas no geral o efeito esteve presente", disse a Dra Marissa ao Medscape.

"Acho que todos os médicos deveriam checar os níveis de vitamina D e realizar suplementação quando necessário. A suplementação de vitamina D não é prejudicial e a maioria das pessoas tem baixa vitamina D", disse ela.

A Dra. Marissa apresentou os resultados 6 de maio na reunião anual da American Psychiatric Association (APA).

Prejudicial de muitas formas

Solicitado a comentar, Dr. Gregory Dalack, chefe do Departamento de Psiquiatria da University of Michigan Medical School, Ann Arbor (EUA), disse que a pesquisa em questão é uma “boa atualização da literatura. Em geral, ter baixa vitamina D não é bom, não apenas para depressão, mas para ossos e para várias outras coisas”.

Dr. Dalack enfatizou a importância de se avaliar o contexto para pacientes com depressão.

“Do meu ponto de vista, quando avalio o tratamento de depressão dos pacientes tentando otimizar a resposta, se eles não apresentam nível de vitamina D adequado, se não estão tomando os medicamentos, se não estão fisicamente ativos, todos são problemas que pioram a depressão”, disse o Dr. Dalack.

Ele também observou que na maioria dos estudos incluídos na análise, a suplementação de vitamina D não foi usada como um tratamento primário, mas sim para se somar à terapia com antidepressivos, “o que é importante, porque as evidências disponíveis mostram que não se pode usar apenas vitamina D como monoterapia e esperar que os pacientes se sintam melhor”.

O estudo não teve financiamento comercial. Os autores e o Dr. Dalack não declararam conflitos de interesses relevantes.

American Psychiatric Association (APA) 2018. Pôster P3-096, apresentado em 6 de maio de 2018.

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