Abordagem terapêutica da obesidade

Dr. Alberto R. Serfaty

Notificação

28 de novembro de 2022

Múltiplas estratégias terapêuticas

A atividade física aumenta a sobrevida e a capacidade cardiovascular, aumenta a massa muscular evitando a sarcopenia, ou seja, faz parte do tratamento até mesmo para modificar o comportamento de compulsão por comida. [25] Muitas pessoas que ficam três horas na academia em algum momento tiveram compulsão por comida. Porém, cabe lembrar que apenas exercício físico dificilmente emagrece, pois em média se perde de 200 a 300 calorias até o máximo de 500 calorias por dia. [26] Algo facilmente suplantado por qualquer “combo fastfood”. A atividade física é importante para modificar a relação do indivíduo com a comida e deve ser prazerosa e fazer parte do dia a dia. O suporte psicológico é outra estratégia que o médico pode utilizar, ou seja, estar disponível para escutar o paciente e para apoiá-lo. Quando o paciente pergunta se pode comer tal doce, ele quer saber se vocês estão juntos no tratamento, mais do que a dúvida sobre o alimento. Outra parte fundamental é o uso de medicamentos, principalmente para aqueles indivíduos que comem compulsivamente. [27] Os objetivos do tratamento farmacológico são a prevenção de problemas cardiovasculares, o aumento da saciedade e o controle da ansiedade e da compulsão alimentar noturna. Os indivíduos obesos frequentemente fazem uso crônico de medicamentos que podem levar ao ganho de peso e a revisão dessas prescrições também é recomendada. [28] Não podemos esquecer do papel da cirurgia bariátrica para grande obesos, [29] aqueles com IMC >35 kg/m2 com comorbidades ou aqueles com IMC >40 kg/m2. Principalmente para aqueles pacientes que já fizeram vários tipos de tratamento com pouco sucesso, a cirurgia pode ser o estímulo para adoção das intervenções citadas anteriormente após uma grande perda ponderal pós-cirúrgica.

Novas perspectivas

Eu destaco a necessidade de intervenções considerando a obesidade como um problema de saúde pública, como o acesso adequado a alimentos nutritivos e cidades saudáveis que propiciem mudanças comportamentais. [2] Além disso, os aplicativos para smartphones são bastante promissores na avaliação cardíaca e da composição corporal. Isso pode estimular os indivíduos a adotar comportamentos mais saudáveis e melhorar os dados que os médicos podem utilizar para o acompanhamento. [30,31] Em relação ao tratamento farmacológico, a novidade é a tirzepatida, [32] um novo agonista duplo do receptor do polipeptídio insulinotrópico dependente de glicose (GIP, sigla do inglês Glucose-Dependent Insulinotropic Polypeptide) e do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1, sigla do inglês Glucagon-Like Peptide-1). [33] Um ensaio clínico de fase três mostrou que pacientes obesos sem diabetes perderam até 22,5% do peso corporal em 72 semanas. A aprovação regulatória da tirzepatida para o tratamento da obesidade pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e pela Anvisa deve acontecer em breve.

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