Metas terapêuticas
Sempre estabeleço metas para o tratamento, mas metas não são sonhos. Temos que estabelecer metas que vão estimular os indivíduos a continuar o tratamento. [17] Na clínica, não foco apenas na perda de peso, que logicamente é importante. Qualquer perda de peso é válida. A perda de 2,5% do peso já leva à redução da glicemia, da resistência à insulina e dos triglicerídeos. [18,19] Recomendo a avaliação por bioimpedância para o paciente ter consciência das mudanças que estão ocorrendo durante o tratamento. O tratamento deve ser focado no indivíduo, não na dieta. [20,21] Dieta representa sofrimento, privação, uma prisão perpétua para o paciente. Ou seja, temos que focar na alimentação saudável, que traz prazer ao paciente, não na dieta “clássica”, composta de uma colher de arroz, 100 g de carne e “capim à vontade”. Nesse cenário, a perda de peso é limitada, pois o indivíduo não aguenta se alimentar assim. Além disso, a manutenção da perda de peso depende da adoção de uma alimentação saudável para o resto da vida. O indivíduo pode se tornar magro, mas ele sempre será “obeso”, por se tratar de uma doença crônica. A abordagem recomendada é de maior seletividade de macronutrientes, com menor ênfase na restrição calórica, de forma que a dieta entre na vida do paciente, e não o contrário. A redução de carboidratos para em torno de 10% da alimentação diária é recomendada na fase inicial, considerando o seu papel no metabolismo do glicogênio, e traz bons resultados. [21–25] Na prática, isso se traduz numa dieta rica em proteínas mais agradável ao indivíduo e apropriada para o sexo e a idade, com muitos vegetais, frutas, queijos, ovos e poucos alimentos ultraprocessados. Afinal, quando orientamos a “não pode comer”, o “não” é a parte mais fácil de ignorar. Na seara comportamental, estimulo o paciente a se dedicar a atividades prazerosas em substituição ao ato de comer como distração ou conforto psicológico. [20,21] Depois de um dia estressante de trabalho, algumas pessoas estão habituadas a voltar para casa e cumprimentar a geladeira. Podemos estimular outras atividades para lidar com o estresse e a ansiedade.
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Citar este artigo: Abordagem terapêutica da obesidade - Medscape - 28 de novembro de 2022.
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